As instituições financeiras consultadas pelo Banco Central do Brasil revisaram os indicadores nas projeções do Boletim Focus desta segunda-feira (04/01/2021).
Confira as principais projeções:
Taxa Selic
Os economistas alteraram suas projeções para a Selic (a taxa básica da economia) no fim de 2021. O Relatório de Mercado Focus trouxe nesta segunda-feira que a mediana das previsões para a Selic neste ano foi de 3,13% para 3,00% ao ano. Há um mês, estava em 3,00%, no caso de 2022, a projeção seguiu em 4,50% ao ano, igual a um mês antes. Para 2023, seguiu em 6,00%, mesmo patamar de quatro semanas atrás.
Em dezembro, ao manter a Selic em 2,00% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central preparou o terreno para possível elevação dos juros em 2021. O motivo é que as projeções de inflação estão se aproximando das metas perseguidas pelo BC nos próximos anos. A avaliação é de que a instituição poderá acabar com o chamado “forward guidance” (ou prescrição futura, na tradução do inglês).
Adotado em agosto, o “forward guidance” é uma indicação técnica do BC de que não pretende elevar os juros se a inflação seguir sob controle e o risco fiscal não se alterar. O problema é que, nos últimos meses, a inflação ao consumidor está mais salgada, puxada por aumentos de preços em itens como alimentos e energia. Ao avaliar o cenário, o BC afirmou que “em breve, as condições para a manutenção do forward guidance podem não mais ser satisfeitas”. Na prática, se retirar esta mensagem técnica de suas comunicações, o BC ficará mais livre para elevar os juros se achar necessário.
No grupo dos analistas que mais acertam as projeções (Top 5) de médio prazo no Focus, a mediana da taxa básica em 2021 seguiu em 3,00% ao ano, ante 3,13% de um mês antes. A projeção para o fim de 2022 no Top 5 permaneceu em 4,00%. Há um mês, estava no mesmo patamar. No caso de 2023, seguiu em 4,75%, igual a quatro semanas antes.
IPCA
Os economistas alteraram levemente a previsão para o IPCA o índice oficial de preços em 2020, o relatório mostra que a mediana para o IPCA no ano passado foi de alta de 4,39% para 4,38%. Há um mês, estava em 4,21%, a projeção para o índice em 2021 foi de 3,34% para 3,32%. Quatro semanas atrás, estava em 3,34%.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2022, que seguiu em 3,50%, no caso de 2023 a expectativa permaneceu em 3,25%, há quatro semanas, essas projeções eram de 3,50% e 3,25%, nesta ordem.
A projeção dos economistas para a inflação está acima do centro da meta de 2020, de 4,00%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%), enquanto o parâmetro para 2023 é inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%).
Em dezembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação de novembro foi de 0,89%. Em 12 meses, a taxa acumulada está em 4,31%. Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2020 segue em 4,34%. Para 2021, a estimativa do Top 5 seguiu em 3,41%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de 4,04% e 3,41%, respectivamente.
No caso de 2022, a mediana do IPCA no Top 5 permaneceu em 3,52%, ante 3,50% de um mês atrás. A projeção para 2023 no Top 5 seguiu em 3,50%, ante 3,38% de quatro semanas antes.
–Últimos 5 dias úteis–
A projeção mediana para o IPCA de 2020 atualizada com base nos últimos cinco dias úteis foi de 4,39% para 4,38%, conforme o Relatório de Mercado Focus. Houve 36 respostas para esta projeção no período. Há um mês, o porcentual calculado estava em 4,25%. No caso de 2021, a projeção do IPCA dos últimos cinco dias úteis seguiu em 3,34%. Há um mês, estava em 3,33%. A atualização no Focus foi feita por 36 instituições.
–Outros meses–
Para janeiro de 2021, a projeção no Focus foi de alta de 0,32% para 0,30% e, para fevereiro de 2021, seguiu em alta de 0,38%. Há um mês, os porcentuais indicavam elevações de 0,39% e 0,38%, nesta ordem. No Focus agora divulgado, a inflação suavizada para os próximos 12 meses foi de alta de 3,72% para 3,56% de uma semana para outra há um mês, estava em 4,09%.
Câmbio
O boletim Focus divulgado hoje pelo Banco Central (BC), mostrou manutenção no cenário para a moeda norte-americana em 2021, a mediana das expectativas para o câmbio no fim do ano seguiu em R$ 5,00, ante R$ 5,10 de um mês atrás. Para 2022, a projeção dos economistas do mercado financeiro para o câmbio foi de R$ 4,95 para R$ 4,90, ante R$ 5,00 de quatro pesquisas atrás.
Os economistas do mercado financeiro alteraram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020,, conforme o relatório a expectativa para a economia no ano passado passou de retração de 4,40% para queda de 4,36%, há quatro semanas, a estimativa era de baixa de 4,40%. Para 2021, o mercado financeiro alterou a previsão do PIB, de alta de 3,49% para 3,40%, quatro semanas atrás, estava em 3,50%.
No Focus divulgado hoje, a projeção para a produção industrial de 2020 seguiu em baixa de 5,00%, há um mês, estava no mesmo patamar. No caso de 2021, a estimativa de crescimento da produção industrial foi de 5,00% para 4,78%, ante 5,00% de quatro semanas antes.
A pesquisa mostrou que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2020 passou de 65,00% para 64,60%. Há um mês, estava em 66,10%. Para 2021, a expectativa foi de 66,60% para 66,30%, ante 68,10% de um mês atrás.
Déficit primário
Os relatório trouxe manutenção na projeção para o resultado primário do governo em 2020. A relação entre o déficit primário e o PIB no ano passado seguiu em 10,60%, no caso de 2021, permaneceu em 3,00%, há um mês, os porcentuais estavam em 11,50% e 2,90%, respectivamente. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2020 permaneceu em 15,00%, conforme as projeções dos economistas do mercado financeiro.
Para 2021, seguiu em 7,00%, há quatro semanas, estas relações estavam em 15,31% e 7,00%, nesta ordem, o resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Os avanços nas projeções nos últimos meses refletem a expectativa de que, com o aumento das despesas do governo durante a pandemia do novo coronavírus, o País terá um cenário fiscal ainda mais difícil.
Balança comercial
Os economistas alteraram a projeção para a balança comercial em 2020 na pesquisa Focus, de superávit comercial de US$ 55,55 bilhões para US$ 55,05 bilhões. Um mês atrás, a previsão era de US$ 58,00 bilhões, para 2021, a estimativa de superávit seguiu em US$ 55,10 bilhões, há um mês, estava em US$ 56,50 bilhões.
No caso da conta corrente do balanço de pagamentos, a previsão contida no Focus para 2020 foi de déficit de US$ 4,50 bilhões para US$ 4,60 bilhões, ante US$ 4,22 bilhões de um mês antes. Para 2021, a projeção de rombo passou de US$ 15,00 bilhões para US$ 16,00 bilhões, um mês atrás, o rombo projetado era de US$ 16,00 bilhões.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o resultado deficitário nestes anos, a mediana das previsões para o IDP em 2020 seguiu em US$ 40,00 bilhões. Há um mês, estava em US$ 43,15 bilhões. Para 2021, a expectativa permaneceu em US$ 60,00 bilhões, igual a um mês antes.
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