O Bradesco terminou 2020 com lucro acumulado de R$ 19,458 bilhões, retração de 24,8% em relação a 2019. No 4T20, o banco registrou o maior resultado trimestral da história com lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões, 2,3% superior ao que foi identificado um ano antes e com aumento de 35,2% em relação aos três meses anteriores.
Os resultados da Bradesco (BOV:BBDC3) (BOV:BBDC4) referente a suas operações do quarto trimestre de 2020 foram divulgados no dia 03/02/2021. Confira o Press Release completo!
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Os avanços, contudo, foram insuficientes para evitar a queda no acumulado do ano, marcado por aumento de provisões em meio à crise causada pandemia.
“Estamos bastante satisfeitos com o resultado do quarto trimestre do ano e, claro, de todo o exercício de 2020. São números que refletem o esforço e dedicação de todas as nossas equipes, num ano reconhecidamente difícil, desafiador em todos os aspectos, no qual a palavra de ordem foi superação e humildade”, afirma o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, em nota à imprensa.
Segundo Lazari, o desempenho em 2020 mostrou a capacidade do Bradesco de enfrentar cenários adversos. “Tivemos agilidade e adotamos ações objetivas de gestão para mobilizar a nossa rede de distribuição de produtos e serviços, além de contarmos com uma estrutura tecnológica robusta para o atendimento digital”, disse.
Para 2021, mostrou confiança e disse que o cenário não é mais de desolação, mas, sim, de reconstrução, com incertezas menores que no ano passado. “A pandemia está aí, um problema grave, mas já temos a vacinação em andamento em todo o mundo. Sem dúvida, a velocidade e o impacto dessa imunização são menores que o nosso desejo, mas é o caminho possível e o cenário é positivo para o médio prazo”.
O executivo afirmou que tem convicção de que a economia entrará em terreno positivo neste ano e que o ciclo de recuperação poderá surpreender na medida que a vacinação avance com mais ritmo. “2021 será muito melhor que 2020”, ressaltou.
4T20
O Bradesco registrou lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões no quarto trimestre de 2020, o maior resultado trimestral da história do banco.
No lucro contábil, o banco somou R$ 5,464 bilhões, alta de 30,3% em relação ao trimestre anterior e de 11,9% na comparação com igual período de 2019
A carteira de crédito expandida do Bradesco totalizou R$ 664,414 bilhões no último trimestre do ano passado, saldo 10,3% maior que o visto nos três meses anteriores. Em um ano, o crescimento foi de 3,4%.
Dessa vez, os empréstimos foram impulsionados pelo segmento pessoa física, ao contrário do que ocorreu no início da pandemia, quando o governo entrou com estímulos para socorrer empresas.
A carteira para pessoa física teve avanço de 6,9% no quarto trimestre em relação a igual período do ano anterior, para R$ 260,258 bilhões, enquanto para pessoa jurídica a expansão foi mais tímida, de 1,4%, para R$ 426,711 bilhões.
Inadimplência
Em relação à inadimplência, o banco registrou o patamar de 2,2% no quarto trimestre, ante 2,3% no terceiro trimestre e 3,3% em igual período de 2019.
A instituição informou que finalizou a prorrogação de empréstimos no quarto trimestre. Como consequência, o saldo de operações com carência fechou o período com R$ 3,8 bilhões, dos quais 50% foram liquidados em janeiro. Em dezembro, a carteira de prorrogações líquida de amortizações totalizou R$ 48 bilhões, dos quais R$ 41 bilhões (86% do saldo dessas operações) já haviam retornado ao pagamento normal e apenas R$ 2,9 bilhões estavam em atraso.
ROE e Patrimônio líquido
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROE, na sigla em inglês) subiu e passou de 15,2% no terceiro trimestre para 20% no quarto. Ainda está abaixo, porém, do nível de um antes, de 21,2%. Em 2020, ficou em 14,8%, contra 20,6% em 2019.
O patrimônio líquido do Bradesco foi a R$ 143,713 bilhões no quarto trimestre, aumento de 4,5% em relação ao anterior. Ante o mesmo intervalo do ano passado, subiu 7,5%.
Receitas
A receita de serviços somou R$ 8,717 bilhões no quarto trimestre, alta de 7,3% em três meses, impulsionada, em grande parte, pela retomada gradual da atividade econômica, observada nos últimos meses de 2020, e queda de 1,3% em um ano.
De acordo com comunicado do Bradesco, o resultado operacional do trimestre foi reflexo de maiores receitas com a margem financeira e prestação de serviços, além da redução das despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD), que apresentaram queda de 18,3%, para de R$ 4,568 bilhões, no trimestre (mas aumentou 14,7% ante igual período de 2019). O índice de cobertura para créditos vencidos acima de 90 dias atingiu 403% em dezembro de 2020.
A margem financeira somou R$ 16,657 bilhões, com alta trimestral de 9% e avanço de 8% no ano, “reflexo da boa performance da margem com mercado”. A margem com clientes evoluiu 3,3% no trimestre.
Custos e Despesas
As despesas operacionais totalizam R$ 11,483 bilhões, queda trimestral de 2,1% e anual de 9,3%.
O banco prevê uma expressiva melhora no custo do crédito em 2021, quando espera constituir entre R$ 14 bilhões e R$ 17 bilhões em despesas com provisões para devedores duvidosos. No ano passado, diante das incertezas da pandemia, o banco constituiu R$ 25,8 bilhões em reservas.
A PDD expandida leva em conta provisões e também baixas contábeis de ativos financeiros. É um indicativo de risco de crédito.
O banco deverá promover uma nova rodada de cortes de custos nos próximos meses, e trabalha com a expectativa de redução nominal de 1% a 5% nas despesas operacionais. O indicador já recuou 5,3% no ano passado, com a ajuda de uma reformulação da rede de agências e demissões.
Pagamento de Juros Sobre Capital Próprio e Cancelamento de Ações
O banco informou ainda que seu conselho de administração aprovou pagamento de juros sobre o capital próprio suplementares no valor total de R$ 184 milhões referentes ao exercício de 2020.
O Bradesco também vai submeter ao exame da Assembleia Geral Extraordinária de 10 de março, o cancelamento das 34.685.801 ações mantidas em tesouraria. Esses papéis foram adquiridos por meio de programas de recompra.
Esses papéis serão atribuídos gratuitamente aos acionistas na proporção de 1 nova ação para cada 10 ações da mesma espécie de que forem titulares na data-base, a ser fixada após a homologação do processo pelo Banco Central.
Guidance 2021
O Bradesco divulgou a suas projeções para algumas linhas do balanço em 2021, o chamado guidance. Para a carteira de crédito, a projeção é de expansão entre 9% e 13% neste ano. A margem financeira com clientes (sem levar em consideração o resultado da Tesouraria) deve ter aumento de 2% a 6%. Já para as receitas com prestação de serviços, a projeção é de avanço entre 1% e 5% em 2021. A expectativa é de que as despesas com provisão fiquem entre R$ 14 e R$ 17 bilhões.
VISÃO DO MERCADO
Credit Suisse
O Credit Suisse também destaca o resultado muito mais forte do que o esperado para o quarto trimestre de 2020 mas, mais importante ainda, um guidance para 2021 bem à frente do consenso, com expectativa de crédito e crescimento de receita líquida de juros (NII, na sigla em inglês), menor custo de risco e redução significativa de custos definindo o tom para um forte ano.
Os analistas do banco suíço têm recomendação outperform para os ativos, com preço-alvo de R$ 34,00.
Morgan Stanley
O Morgan Stanley avalia resultado do Bradesco foi sólido, impulsionado pela normalização de crédito, inadimplência e provisões, em linha com os resultados de Itaú e Santander, reiterando sua recomendação overweight (expectativa de valorização acima da média do mercado) para os ADRs (American Depositary Receipts) do Bradesco BBD negociados na NYSE. O preço-alvo é de US$ 6,70, o que configura um potencial de valorização de 42,9% em relação ao fechamento da véspera, de US$ 4,69.
XP Investimentos
De acordo com Marcel Campos, analista da XP Investimentos, o Bradesco reportou resultados muito fortes no último trimestre de 2020, com o resultado impulsionado por: i) forte margem financeira que se expandiu significativamente no trimestre, uma vez que o banco foi capaz de melhorar o spread por meio de um portfólio mais rentável e voltado para o varejo; ii) receitas de serviços mais altas do que o esperado, uma vez que o banco se beneficiou da recuperação da atividade econômica; e também por iii) custos menores do que o previsto, uma vez que o Bradesco lidera a redução de custos dentro do setor bancário com o fechamento de 403 agências no trimestre e 1.083 em 2020.
“Tudo isso sem consumo de cobertura. O banco também divulgou um forte guidance para 2021, com uma projeção de crescimento moderado de receitas e forte corte de custos”, aponta o analista. Campos acredita que o banco esteja comparativamente atraente, mais bem defendido e com boa dinâmica de lucros.
A recomendação para o Bradesco é de compra, com preço-alvo de R$ 27,00.
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Governança Corporativa
No Brasil, as ações do Bradesco são negociadas na B3 – Brasil, Bolsa, Balcão com os tickers BBDC3 (ON) e BBDC4 (PN) e estão listadas no Nível 1 de Governança Corporativa. No exterior, são negociadas nos Estados Unidos (Bolsa de Valores de Nova Iorque – NYSE) e na Espanha (Bolsa de Valores de Madri – Latibex). Na NYSE, sob a forma de ADRs – American Depositary Receipts, possui os tickers BBDO (ON) e BBD (PN). Na Latibex, possui o ticker XBBDC.
As ações ordinárias (ON) dão direito ao voto em assembleias de acionistas, além de possuírem “Tag Along” de 100%. As ações preferenciais (PN) dão direito a dividendo por ação 10% superior àquele pago as ações ordinárias e possuem “Tag Along” de 80%.
Estrutura Acionária
Organograma Societário
Desempenho da empresa na B3
No último ano, as ações do Bradesco oscilaram entre a mínima de R$ 16,11 e a máxima de R$ 34,87. No último pregão antes da divulgação do resultado do 4T20, a empresa fechou em alta de 0,48%, negociada a R$ 25,25.
Confira o histórico do Bradesco (BBDC4)
Período | Abertura | Máxima | Mínima | Preço Médio | Vol Médio | Variação | Variação % |
---|---|---|---|---|---|---|---|
1 Semana | 24,77 | 25,83 | 24,53 | 25,16 | 51.741.860 | 0,48 | 1,94% |
1 Mês | 27,17 | 28,41 | 24,10 | 26,00 | 46.866.653 | -1,92 | -7,07% |
3 Meses | 24,30 | 28,41 | 23,21 | 25,89 | 44.670.207 | 0,95 | 3,91% |
6 Meses | 21,93 | 28,41 | 19,19 | 23,14 | 46.215.558 | 3,32 | 15,14% |
1 Ano | 33,75 | 34,87 | 16,11 | 22,71 | 44.979.509 | -8,50 | -25,19% |
3 Anos | 34,72 | 46,50 | 16,11 | 27,68 | 25.800.870 | -9,47 | -27,28% |
5 Anos | 15,67 | 46,50 | 15,35 | 27,21 | 19.734.240 | 9,58 | 61,09% |