A Oi aceitou a proposta vinculante revisada apresentada pelo Grupo BTG (BOV:BPAC11) para a aquisição parcial da InfraCo, divisão especializada em fibra óptica da operadora de telecomunicações em recuperação judicial.
O fato relevante foi feito pela empresa (BOV:OIBR3) (BOV:OIBR4) nesta segunda-feira (12). Confira o comunicado na íntegra.
A proposta vinculante prevê em 31 de dezembro desta ano o valor de firma (EV) da InfraCo de 20,02 bilhões de reais, considerando uma dívida líquida de 4,107 bilhões de reais, integralmente devida à Oi e a ser repaga em até 90 dias do fechamento da operação.
O valor da operação totaliza 12,923 bilhões de reais, o qual, segundo a Oi, estará sujeito a mecanismos de ajuste com base em determinadas métricas de desempenho da InfraCo.
A proposta vinculante – assinada pela Oi com Globenet Cabos Submarinos S.A., BTG Pactual Economia Real Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia e outros fundos de investimento do Grupo BTG – contempla ainda a celebração entre a InfraCo e a Oi e/ou suas afiliadas de contratos de provimento de capacidade e outros contratos operacionais, bem como de acordo de acionistas da InfraCo, entre os proponentes e a Oi.
Os proponentes terão direito de, a seu exclusivo critério, cobrir a oferta de maior valor que seja eventualmente apresentada no referido processo competitivo de alienação parcial da InfraCo (‘right to top’).
Após a incorporação da InfraCo, BTG e Globenet deterão ações representativas de 57,9% do capital social votante e total do negócio; a Oi permanece como sócia minoritária no ativo. Com o anúncio, o BTG deixa para trás o fundo norte-americano Digital Colony, que também havia feito uma proposta pela InfraCo.
A venda do controle da subsidiária de fibra óptica é importante para dar fôlego financeiro à Oi, cujas dificuldades financeiras se arrastam por quase uma década. A antiga “super tele” nacional, criada na época do governo Lula com forte apoio de recursos oficiais, agora luta para sustentar investimentos e honrar pagamentos.
A operadora vê sua situação financeira piorar ano a ano. A dívida líquida da companhia, por exemplo, cresceu de R$ 15,9 bilhões, em 2019, para R$ 21,8, bilhões em 2020. A valorização do dólar pesou sobre os empréstimos em moeda estrangeira, mas a companhia também assumiu novos financiamentos, elevando o endividamento total.
Já pelo lado operacional, a Oi busca avançar em sua estratégia de transformação em uma grande operadora de fibra óptica. Dentro deste processo, a empresa assinou a venda de seus ativos de telefonia celular para as três principais rivais, por R$ 16,5 bilhões.
Nos últimos meses, a InfraCo iniciou o processo de separação do resto do grupo, recebendo as redes de fibra óptica da Oi, sistemas e equipes para funcionar de modo independente. Na sequência, fechou os dois primeiros contratos para atuar como uma rede neutra, prestando serviço a outros provedores de banda larga.
Executivo retorna
Caso a venda do controle da InfraCo ao time do BTG Pactual seja confirmada, o negócio também marcará o retorno do executivo israelense Amos Genish para o comando de uma operadora de telefonia no Brasil. Isso porque a proposta do BTG foi acompanhada de um acordo de acionistas de esboço da composição futura do conselho de administração da companhia.
Genish é sócio e líder de negócios digitais do BTG e foi apontado para presidir o conselho da InfraCo. Ele fundou a GVT, que foi comprada pela Telefônica Brasil, na qual assumiu o cargo de CEO, até se desligar e seguir para a Telecom Itália (dona da TIM).
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
De acordo com o Bradesco BBI, a princípio o negócio foi negativo, já que considerou o valor de firma abaixo dos R$ 28,4 bilhões que os analistas incluíram em suas estimativas. Por outro lado, o acordo proposto para incorporar o contrato da Globenet por R $ 1,6 bilhão, o que representa um ganho de R$ 2,9 bilhões versus a estimativa do BBI.
“Em suma, vemos o resultado do negócio como negativo, dado que a avaliação ficou aquém de nossa expectativa; no entanto, ainda precisamos de mais esclarecimentos sobre a estrutura da oferta, principalmente no que diz respeito à incorporação do contrato Globenet. Continuamos otimistas com o case, com a Oi sendo a nossa top pick no segmento de telecomunicações da América Latina, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 3,50 [para os ativos OIBR3]”, afirmam.