O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) realizou sua primeira estruturação de debêntures, da emissão total da Gás Natural Açu (GNA), de R$ 1,8 bilhão. A operação conta ainda com o BTG Pactual como coordenador-líder, além do BNP Paribas, do Bradesco e do ABC Brasil como coordenadores no sindicato. O BNDES participou também como investidor, com R$ 550 milhões.
“O objetivo de atuar também como investidor é dar confiança à empresa e aos investidores de que haverá demanda”, disse o banco em nota.
As debêntures da GNA terão prazo total de 18 anos e serão remuneradas a IPCA + 5,92% ao ano. O prazo total supera em 58% a média dos prazos dos títulos emitidos em 2020 (11,6 anos), segundo o Boletim Informativo de Debêntures Incentivadas do Ministério da Economia.
“A emissão das debêntures de GNA I traz com sucesso a participação do mercado de capitais no financiamento do projeto, alinhada à estratégia do BNDES de incentivar a pluralidade de alternativas de funding à infraestrutura do Brasil”, avalia Petrônio Cançado, diretor de Crédito à Infraestrutura do BNDES.
A GNA I, em São João da Barra, Rio de Janeiro, tem 1.338,3 megawatts (MW) de potência, volume suficiente para suprir a necessidade de cerca de 6 milhões de domicílios.
Segundo o BNDES, a iniciativa representa um esforço de refinanciamento do empreendimento, que já contou com créditos de R$ 1,76 bilhão do banco, com garantias do banco alemão KfW IPEX-Bank, e de US$ 288 milhões da International Finance Corporation (IFC), em 2018. Com a nova transação, o IFC deixa a base de credores do projeto.
Para a companhia, a operação representa um alongamento da dívida em cinco anos (até 2039) a um custo menor. Uma menor parte dos recursos obtidos com a emissão também será alocada em despesas relativas à construção da usina e em custos da transação.
“A UTE GNA I é uma usina termelétrica a gás natural, que contribuirá para a diversificação da matriz energética brasileira, aumentando a resiliência e confiabilidade do sistema, um projeto estratégico para a retomada econômica do país pós-pandemia”, afirma Bernardo Perseke, diretor-presidente da GNA.
A estruturação, inédita na história do BNDES, faz parte de sua estratégia de atuar em parceria com o mercado de capitais, com o objetivo de incentivar e alavancar o potencial impacto dos empréstimos, informou o banco.
A diretora de Finanças do BNDES, Bianca Nasser, destacou a expertise da instituição como elemento para atrair outras fontes de financiamento.
“O BNDES pretende viabilizar mais operações via debêntures dando maior oportunidade do mercado acompanhá-lo nos investimentos realizados”, destacou a diretora.
A operação foi estruturada no âmbito do produto BNDES Debêntures Sustentáveis e de Infraestrutura, que tem como finalidade a alocação de capital de longo prazo em investimentos verdes, de infraestrutura ou que contribuam para o atingimento das metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
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