Após apenas 45 dias no cargo, a primeira-ministra do reino Unido, Liz Truss, renunciou ao cargo. Ela não resistiu à crise iniciada com o anúncio de um ousado plano de redução de impostos divulgado em setembro. “Dada a situação, não posso cumprir o mandato pelo qual fui eleita pelo Partido Conservador”, disse em pronunciamento. Ela disse ainda que permanecerá no cargo até que um sucessor seja escolhido.
A BBC disse que o mandato de Truss foi mais curto de qualquer primeiro-ministro do Reino Unido. Antes dela, George Canning ficou no cargo por 119 dias, antes de morrer, em 1827.
O chamado mini-orçamento, que previa corte de impostos de até 45 bilhões de libras, desagradou quase que imediatamente os mercados e vários economistas. O diagnóstico era que o movimento seria muito arriscado num momento de inflação em patamares não vistos há 40 anos, riscos crescentes de recessão e custos de empréstimos mais altos nas economias avançadas.
Na sequência, a libra caiu para seu patamar mais baixo em relação ao dólar e os rendimentos dos títulos do governo subiram em alta velocidade, obrigando o Banco da Inglaterra (BoE) a laborar um programa de recompra de até 65 bilhões de libras em títulos de longo prazo (“gilts”).
A pressão política que se seguiu derrubou o ministro da Finanças, Kwasi Kwarteng, na última sexta-feira (14) e levou a pedidos de renúncia da própria Liz Truss, que foi à BBC pedir desculpas. A primeira medida anunciada pelo substituto de Kwarteng, Jeremy Hunt, na segunda-feira (17), foi reverter quase todo o pacote fiscal de seu antecessor.
Ontem (19), a renúncia da ministra do Interior, Suella Braverman, provocada pelo uso de um celular pessoal para guardar documentos confidenciais, expôs a perda de poder do grupo político de Truss dentro do próprio gabinete. A perda de apoio entre os conservadores ficou clara na derrota de uma votação sobre a liberação do “fracking” no país para a exploração do gás de xisto.
Informações Infomoney