A transmissora de energia Isa Cteep registrou lucro líquido regulatório de R$ 261,2 milhões no segundo trimestre deste ano, alta de 252,6% em comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado do primeiro semestre o lucro alcançou R$ 567,2 milhões, elevação de 204,0%.
A receita líquida totalizou R$ 891,7 milhões, aumento de 21,7% em base anual de comparação. No primeiro semestre, a receita totalizou R$ 1,783 bilhão, alta de 23,1% em relação ao mesmo período de 2022.
O resultado é explicado pela energização dos projetos novos Biguaçu e Itaúnas, e pelo início da operação em 81 projetos de reforços e melhorias nos últimos 12 meses até junho. Além disso, os reajustes tarifários do ciclo 2022/2023 da Receita Anual Permitida (RAP) contribuíram positivamente.
O Ebitda – juros, impostos, depreciação e amortização – regulatório totalizou R$ 686,8 milhões, alta de 23,8%, e margem de 77,0%, ou 1,3 ponto porcentual (p.p.) a mais. Considerando o período de janeiro a junho, o Ebitda da Isa Cteep avançou 31,2%, para R$ 1,425,8 bilhão, com margem de 80%, aumento de 4,9 p.p. em base de comparação anual.
A variação é explicada, principalmente, pela entrada em operação de projetos de reforços e melhorias e greenfield nos últimos 12 meses; impacto positivo do reajuste inflacionário (IPCA) do ciclo tarifário 2022/2023; recomposição parcial do recebimento do RBSE a partir do 3T22; maiores custos e despesas no período, devido ao movimento de crescimento da Companhia.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) da companhia foi de 16,9%, avanço de 10,4 pontos percentuais na base anual.
O resultado financeiro foi negativo em R$ 257,9 milhões com variação positiva de R$ 43,1 milhões frente a despesa financeira líquida de R$ 301 milhões no 2T22. Esse resultado reflete, principalmente: o crescimento das receitas financeiras em R$ 7,7 milhões (+20,8%) no 2T23 explicado pelo maior volume das aplicações financeiras provenientes de recursos do caixa; o arrefecimento da inflação medida pelo IPCA, indexador de 51,5% da dívida da Companhia, que, no 2T23, foi de 1,6% (vs. 3,2% no 2T22). Destaca-se que, para fins contábeis que o 2T considera a inflação dos meses de março a maio. Desta forma, a despesa com variação monetária da dívida passou de R$ 164,3 milhões no 2T22 para R$ 99,3 milhões no 2T23 (-39,6%); crescimento das despesas com juros e encargos financeiros, que apresentaram alta de R$ 28,0 milhões (16,5%) no 2T23, devido à maior posição de dívida bruta.
O resultado da equivalência patrimonial foi positivo em R$ 78,2 milhões no 2T23, R$ 78,2 milhões maior que o registrado no 2T22. No acumulado do ano 1S23 o resultado da equivalência patrimonial cresceu 1.042%, aumento de R$ 127,8 milhões. A variação deve-se principalmente, a energização de projetos ao longo de 2022, com início do recebimento da RAP.
O PMSO (despesas com pessoal, materiais, serviços e outros) gerenciável alcançou R$ 168,3 milhões no 2T23, aumento de 14,7% em relação ao segundo trimestre de 2022. “Essa alta deve-se, principalmente, ao movimento de crescimento da companhia que energizou 81 projetos de reforços e melhorias e 5 projetos greenfield nos últimos 12 meses”, disse a Isa Cteep.
A dívida líquida no período aumentou 6% no segundo trimestre, para R$ 7,787 bilhões. Os investimentos, excluindo aquisições, totalizaram R$ 377,4 milhões no segundo trimestre, queda de 32,4% em base anual de comparação, e R$ 972,8 milhões nos seis primeiros meses deste ano, redução de 5,3%.
Operacional
No 2T23, o Índice de Energia Não Suprida (IENS) da Companhia totalizou 0,000147% vs. 0,000154% no 2T22, e um IENS acumulado de 0,000351%. Como referência, o Sistema Interligado Nacional (SIN), registrou 0,0012%³.
Os covenants e as exigências estabelecidas em todas as emissões estão sendo devidamente cumpridos pela Companhia. Para 2023, os indicadores Dívida Líquida/EBITDA são de 3,5x, para a 5ª emissão de debêntures, e 3,5x para financiamento com BNDES. O índice de alavancagem gerencial utilizado pela Companhia considera a metodologia de cálculo do BNDES, sendo Dívida Líquida/EBITDA de 2,65x no 2T23.
Resultado IFRS
Pela norma IFRS, o lucro líquido da empresa caiu 14,1% no trimestre, a R$ 600,9 milhões. Já no acumulado do ano até junho, o lucro da companhia aumentou 8,6% a R$ 1,349 bilhão.
Já o Ebitda IFRS da companhia somou R$ 913,4 milhões no segundo trimestre, queda de 12,2% em relação ao observado um ano antes. No semestre, o Ebitda IRFS da empresa totalizou R$ 1,916 bilhão, montante 2,2% superior ao reportado um ano antes.
Os resultados da Isa CTEEP (BOV:TRPL3) (BOV:TRPL4) referente suas operações do segundo trimestre de 2023 foram divulgados no dia 31/07/2023.
Teleconferência
A diretora financeira da Cteep, Carisa Portela Cristal, afirmou nesta terça-feira (1º), em teleconferência com analistas, que a companhia pretende manter a sua atual política de pagamentos de dividendos.
Segundo ela, neste segundo semestre, “as expectativas continuam boas” para a companhia, destacando o ciclo tarifário de 2023-24, que prevê uma Receita Anual Permitida (RAP) com acréscimo de R$ 1 bilhão a partir de julho de 2023.
Além disso, acrescentou a executiva, entrará em operação neste ano ainda a operação de Itaúnas e Triângulo Mineiro, que irão gerar um RAP adicional de aproximadamente de R$ 100 milhões.
“Com tudo isso, posso tranquilizar que a companhia mantém a atual prática de dividendos, de pagar 75% do lucro líquido regulatório, no limite de 3 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda”, disse.
“A gente olha a alavancagem da companhia e vê que está 2,65 vezes e com o crescimento do Ebitda. A tendência é que tenhamos uma situação bem confortável de alavancagem, de forma a fazer nossa usual declaração de dividendos”, completou ela.
Por volta das 11h20, as ações da Cteep sobem cerca de 1,6%, cotadas a R$ 25,51. A companhia elétrica registrou um lucro líquido 252,6% superior no 2º trimestre deste ano, na comparação com igual período de 2022.
Durante a teleconferência, Rui Chama, CEO da Cteep, afirmou que a empresa tem cinco projetos em construção e dois com obras a iniciar. Ele acrescentou que os projetos greenfield exigem investimentos totais de R$ 7,6 bilhões.
Além disso, Chama afirmou que os dois lotes vencidos do último leilão de transmissão em junho contam com receita anual permitida (RAP) de R$ 226 milhões, sendo os investimentos de R$ 2,4 bilhões.
VISÃO DO MERCADO
Itaú BBA
Por fim, o Itaú BBA aponta que o Ebitda do segundo trimestre ficou em linha com as estimativas, mas considera o resultado, como um todo, neutro.
O banco tem recomendação market perform para a Cteep, com preço-alvo de R$ 26,89/ação.
Morgan Stanley
Para o Morgan Stanley, a Cteep registrou ebitda em linha, mas lucro líquido abaixo da estimativa, principalmente com maiores despesas financeiras.
O Morgan Stanley mantém a Cteep com recomendação equal-weight e aponta um perfil risco-retorno equilibrado.
Ademais, pontua o potencial limitado de criação de valor nos próximos leilões de transmissão, uma vez que a alta competição continua pressionando retorno de investimento. O banco tem preço-alvo de R$ 27/ação para a Cteep.
XP Investimentos
A XP, por sua vez, avalia que o lucro ficou acima das projeções da Casa, uma vez que as despesas financeiras ficaram abaixo das expectativas.
Segundo a XP, os resultados refletem a entrada em operação de 81 projetos de reforços e melhorias e dois greenfields, além do efeito da inflação, segundo analistas da XP.
“Temos uma avaliação neutra dos resultados do 2T23 da Cteep e mantemos nossa recomendação”. O preço-alvo é de R$ 26/ação.