O presidente-executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, estima que a defasagem entre o preço do óleo diesel praticado pela Petrobras e o Preço de Paridade de Importação (PPI) do combustível possa chegar a 19% até o fim o dia nesta quinta-feira.
Em entrevista à Mover, Araújo falou sobre o impacto da alta do preço do metro cúbico do diesel no mercado mundial após a notícia de que a Rússia anunciou restrições às exportações de combustíveis. A notícia apertou o mercado e, segundo Araújo, é um dos fatores que podem aumentar em até 5 pontos percentuais a atual defasagem do PPI, que é de 14%.
“Até as 11h30, a defasagem era de 14%, mas temos que aguardar o fechamento do mercado. O dólar também está subindo em relação ao real. Vamos chegar a uma defasagem de 18% a 19% no fim do dia”, calculou.
Segundo Araújo, a defasagem pressiona produtores nacionais como a Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) a aumentarem o preço praticado no mercado doméstico. “O mercado importador já absorveu que a Petrobras que abrasileirou o preço e não vai mais praticar valores alinhados ao PPI. Mas se espera que ela pratique esse preço artificialmente baixo apenas sobre os produtos de suas refinarias”, explicou.
O mercado brasileiro importa cerca de 30% do diesel consumido no país atualmente dos Estados Unidos e da Rússia. “O Brasil importa 1,5 milhão de metros cúbicos de diesel por mês em média. Esses 30% são mais caros, assim, as distribuidoras precisam pagar pelo valor de mercado e fazem um preço médio em relação aos 70% que compram mais barato da Petrobras”, assinalou.
Por esse motivo, Araújo destacou que o setor precisa de previsibilidade. “A Petrobras tem de informar com antecedência o volume que vai entregar por pólo, aí o mercado funciona sem risco de desabastecimento”, ressaltou. Atualmente, a companhia informa com 30 dias de antecedência, período considerado insuficiente.
“A maior parte da importação vem da Rússia. Tem o tempo de viagem. São 55 a 60 dias entre a data da decisão de importar e o produto efetivamente chegar ao país”, disse. Além disso, quando a Petrobras entrega um volume maior do que informou no mês anterior, o curto período de tempo atrapalha porque as importadoras precisam importar um volume maior do que o realmente necessário a um preço mais alto para cobrir a demanda. O ideal, segundo a Abicom, seriam 120 dias de antecedência.