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Analistas do JPMorgan, IRB e Banrisul são as empresas mais afetadas pela tragédia no Rio Grande do Sul

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A dimensão da tragédia climática no Rio Grande do Sul com as enchentes vem tomando forma ao longo dos últimos dias, com uma centena de mortes, 128 desaparecidos mostrando a catástrofe humanitária no estado.

As ações de diversas empresas listadas em Bolsa têm reagido aos possíveis desdobramentos para as suas operações, sendo que alguns bancos têm revisado os números para elas. Este foi o caso do JPMorgan, que em relatório sobre o setor financeiro apontou Banrisul (BOV:BRSR6) e IRB(Re) (BOV:IRBR3) como os mais expostos e refez as estimativas para as duas companhias. Apenas nas sessões de segunda e terça, IRBR3 caiu quase 12%, enquanto BRSR6, que não está no Ibovespa, teve baixa de 10,50%, para registrarem uma leve recuperação nesta quarta (8).

O JPMorgan apontou ter uma avaliação negativa do Banrisul, tendo ele de longe como o banco mais exposto, como esperado, com cerca de 98% dos empréstimos concentrados no RS – excluindo Porto Alegre, o JP estima que 22% dos empréstimos do Banrisul estão nas cidades declaradas em estado de emergência e cerca de 6% em cidades com mortes confirmadas.

Os analistas do JPMorgan veem aumento do custo do risco, ainda que apontem ser difícil avaliar o impacto neste momento. “Muitas das cidades afetadas durante estas inundações recorde também foram afetadas em setembro de 2023. Porém, os danos são mais materiais neste momento, afetando não apenas cidades do Vale do Taquari, mas bairros selecionados de cidades maiores, como Canoas e Porto Alegre. Por exemplo, a sede do Banrisul – localizada no centro de Porto Alegre, está localizada na área de inundação. As tristes perdas humanas e os impactos nas infraestruturas são difíceis de avaliar neste momento”, avalia a equipe de análise.

Os impactos finais dependerão dos programas de ajuda (ou seja, poderiam aliviar as provisões, mas impactar o NII, ou margem financeira), apoio do Governo Federal, carteira colateralizada geral do Banrisul, seguros potenciais, entre outros.

“Ainda assim, estamos reduzindo nossas estimativas para 2024 em 13%, para R$ 958 milhões (cerca de 10% do ROE, ou retorno sobre o patrimônio), devido ao maior custo do risco”, avaliaram os analistas. O JPMorgan manteve suas estimativas para 2025 praticamente inalteradas em R$ 1,3 bilhão ou ROE de 12%.

“Embora os impactos do RS provavelmente devam aparecer apenas nos números do 2T24, isso se soma ao que esperamos ser um 1T24 fraco (JPMorgan espera lucro de R$ 187 milhões) em um momento em que a reprecificação de empréstimos consignados tem sido mais desafiadora devido a limitação de taxas”. O banco manteve recomendação neutra e reduziu o preço-alvo de R$ 14 para R$ 13.

Para o BTG Pactual, a expectativa é que a carteira de crédito rural seja a mais afetada, já que as enchentes ocorreram perto do final da colheita da soja e logo após a colheita do arroz. Como tal, os agricultores que mantinham estoques foram afetados, com potenciais perdas de equipamento aumentando os desafios. Embora os seguros possam mitigar o impacto para os clientes e para o banco (o Banrisul não oferece seguro rural ou residencial/patrimonial), os analistas ressaltam que a cobertura na região normalmente se concentra em secas. Para clientes corporativos, a exposição está concentrada em negócios afetados pelas enchentes, mas a exposição geral do banco ainda não está clara.

O banco ainda cita que o papel do Banrisul em potenciais programas de crédito emergencial. As regiões mais afetadas são Porto Alegre, Serra Gaúcha e Leste do estado. Combinados, os empréstimos dessas áreas totalizam cerca de R$ 10 bilhões (quase 20% da carteira total), mas uma parcela significativa desse valor pode não ser afetada. Estão sendo consideradas linhas de crédito de emergência com recursos subsidiados para esforços de reconstrução e assistência regional, embora os detalhes ainda sejam limitados. “Esperamos que o Banrisul desempenhe um papel ativo na distribuição de recursos, possivelmente mediante fundos governamentais, como programas de crédito emergenciais (por exemplo, Pronampe), onde o governo poderia potencialmente assumir parte do risco de crédito e/ou fornecer financiamento subsidiado”, avalia.

Em comunicado, o Banrisul informou que, mesmo diante do cenário climático adverso, o se mantém completamente operacional e com plena disponibilidade nos seus diversos canais de relacionamento com cliente. O banco ainda informou que o evento climático não ocasionou impactos patrimoniais (ativos imobilizados) relevantes. “Apesar do Banrisul atuar predominantemente no RS, ainda não é possível estabelecer uma estimativa de impacto nos negócios”, concluiu.

IRB

Entre as (res)seguradoras, o IRB é o mais exposto, aponta o JPMorgan, também fazendo alguns exercícios iniciais sobre possíveis impactos para outras (res)seguradoras. No caso do Porto, estima um impacto potencial de aproximadamente R$ 70 milhões nos lucros de sua operação automobilística. O estado do Rio Grande do Sul (RS) é responsável por cerca de 5% dos prêmios emitidos de automóveis no Porto. Para a BB Seguridade, também estimam impacto de aproximadamente R$ 52 milhões da potencial deterioração no segmento agrícola, mas representando menos de 1% do lucro. O estado do RS foi responsável por 14% dos prêmios agrícolas da BB Seguridade. A empresa também está exposta às chuvas através de propriedades e bens imóveis rurais, embora esta seja uma parcela menor do negócio.

Para o IRB, assumindo a mesma exposição de seguros agrícolas ao Estado do RS que o BBSE (líder de mercado entre as seguradoras), o banco estima cerca de 14% de lucros em risco. Esta estimativa abrange apenas a exposição rural e não considera o impacto potencial proveniente de outros negócios que podem ser afetados pelas chuvas, como propriedades. Olhando para o sistema como um todo, o estado do RS representa 6% do mercado de seguros patrimoniais no Brasil.

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