O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, interrompendo a mais longa sequência de ganhos em mais de seis anos, sob pressão de ações ligadas a commodities e de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que pareceram minimizar o compromisso com a meta fiscal.

O Índice Bovespa (Ibovespa), que reflete o desempenho médio das cotações das principais ações de empresas negociadas na BM&FBOVESPA, é formado pelas ações com maior volume negociado nos últimos meses.

O Ibovespa encerrou com perdas de 0,16%, aos 129.113 pontos. Caso houvesse ficado no positivo, o índice teria um recorde de altas consecutivas não visto deste julho de 1997. O volume de negócios ficou em R$12,5 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.

O IBOV operava perto da estabilidade quando trechos de uma entrevista de Lula levantaram temores entre operadores de que o governo possa frustrar expectativas de bloqueio ou contingenciamentos no Orçamento no Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, em 22 de julho.

Os juros futuros encerraram a sessão em queda de até 8,5 pontos-base, em linha com as Treasuries yields. O dólar à vista fechou em queda de 0,28% a R$5,4293, em linha com o índice Dólar DXY, que operava ao fim da tarde em leve queda de 0,02%, aos 104,22 pontos.

Em uma sessão sem grandes catalisadores econômicos, investidores reagiram a declarações do presidente da República e de membros do governo sobre o cenário fiscal, que ganharam os holofotes e trouxeram certa volatilidade para o mercado.

No começo da tarde, o presidente Lula disse, em entrevista à Record, que o governo não é obrigado a cumprir meta fiscal “se você tiver coisas mais importantes para fazer”, mas ponderou que fará o que for necessário para respeitar o arcabouço que rege as contas públicas.

Lula afirmou que não haveria problema se o déficit fiscal ficasse em 0,1% ou 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), ressaltando que o importante é o país estar crescendo. Os vértices da curva arrefeceram trajetória de queda e o Ibovespa testou mínima intradiária à medida que trechos da entrevista eram divulgados.

Após as declarações de Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as falas do presidente sobre o governo não ser obrigado a cumprir a meta fiscal estariam fora de contexto. O ministro também disse que outros trechos da entrevista mostrarão o compromisso de Lula com o arcabouço fiscal e ainda afirmou que o governo divulgará possíveis bloqueios para cumprimento das regras fiscais.

De acordo com a BGC Liquidez, o tom da entrevista do Lula mostra que “durou pouco” a defesa do fiscal por parte do presidente. Apesar disso, a Fazenda continua trabalhando para convencer o presidente sobre a importância de o relatório de 22 de julho sinalizar respeito ao arcabouço. Internamente, a equipe econômica fala em cortes e bloqueios acima de R$10 bilhões, e ainda argumenta para que Lula adiante a indicação para o BC para agosto, ainda segundo o BGC.

O bloqueio de recursos é utilizado para cumprir o limite de despesas estabelecido pelo arcabouço fiscal. Já o contingenciamento é realizado para cumprir a meta anual do resultado primário. Pesquisa do BTG Pactual sobre o Relatório Bimestral apontou que 75% dos participantes veem necessidade de contingenciamento acima de R$10 bilhões. Na mesma pesquisa, 63% dos participantes acreditam que governo deveria bloquear até R$20 bilhões.

No âmbito corporativo, operadores avaliavam operação da Eneva para compra de termelétricas do BTG, associada a um follow-on de até R$4,2 bilhões, além de notícia de que a chilena Ceconsud negou conversas sobre o Casino para comprar ações do grupo francês no GPA. À noite, a Vale divulgará relatório de produção.

Os principais índices acionários em Nova York encerraram em alta, com ênfase para o Dow Jones e o Russell 2000, que apresentaram fortes ganhos com um contínuo movimento de rotação de carteira, em meio às expectativas do mercado sobre futuros cortes nas taxas de juros.

Os índices Dow Jones, S&P500 e o Nasdaq 100 avançaram 1,84%, 0,62% e 0,20%, respectivamente. Destaque para o Dow Jones, que registrou sua maior alta diária em um ano e para o Russell 2000, focado em small e medium caps, que subiu 3,43% e registrou o quinto dia consecutivo de ganhos.

Os Treasuries yields de dois e dez anos recuavam 2,8 pbs, 6,6 pbs a 4,430% e 4,167%, na sequência.

Nos EUA, investidores reagiram à divulgação dos dados de vendas no varejo de junho, que ficaram estáveis, ante estimativa de queda de 0,3%, mantendo inalteradas as expectativas de corte juro para este segundo trimestre. Além disso, a alta do varejo em maio foi revisada de 0,1% para 0,3%. Em termos anuais, a alta foi de 2,3%, acima do consenso de 2,1%.

Os dados acima do esperado sinalizaram resiliência na economia norte-americana, o que alimenta as expectativas por um “pouso suave” nos EUA. De acordo com derivativos negociados na CME, o mercado passou a precificar 93,3% de probabilidade de que o Fed corte as taxas em setembro.

Um corte nos juros é visto como um impulso para ações de small caps e para aquelas empresas mais dependentes de custos de empréstimos do que ações de tecnologia, principais rostos do rali de Inteligência Artificial em curso nos mercados americanos desde meados de 2023.

A temporada de balanços nos EUA segue a todo vapor, com grandes instituições financeiras, como Bank of America, Morgan Stanley e Charles Schwab, divulgando resultados hoje pela manhã, todos com lucro líquido por ação acima do consenso.

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1. 💥 Confira os destaques corporativos de hoje 💥

   Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4)

   A Superintendência-Geral (SG) do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaurou nesta segunda-feira, 15, procedimento para apuração de ato de concentração (Apac) relacionado ao acordo de cooperação comercial entre a Azul e a Gol. Saiba mais…

   Eneva (ENEV3)

   A Eneva assinou acordos para uma incorporação de ativos do seu acionista BTG Pactual, em operação que adicionará ao portfólio da companhiausinas termelétricas operacionais e para desenvolvimento e que torna a Eneva a plataforma do banco para atuar em geração de energia e gás natural. Saiba mais…

   Engie Brasil (EGIE3) 

   A Engie Brasil Energia finalizou a implantação do Projeto Gavião Real Transmissora de Energia. Saiba mais…

   GPA (PCAR3)

   O GPA se manifestou sobre uma notícia divulgada pelo colunista Lauro Jardim, no O Globo, no último dia 12. Saiba mais…

   Helbor (HBOR3)

   A Helbor informou que as vendas brutas totais atingiram R$ 532,0 milhões, representando um aumento de 20,0% e 45,0% na comparação com o 1T24 e o 2T23 respectivamente. Saiba mais…

   Marisa Lojas (AMAR3)

   A Marisa Lojas apresentou um prejuízo líquido ajustado de R$ 148,3 milhões no primeiro trimestre de 2024, praticamente estável (-0,4%) ante o prejuízo de R$ 149 milhões registrado no mesmo período de 2023. O resultado foi pressionado principalmente pela queda nas receitas de vendas de mercadorias, devido ao menor nível de estoques e à redução do parque de lojas, explicou a empresa em release de resultados. Saiba mais…

   Metalfrio (FRIO3) 

   A Metalfrio divulgou que no último fim de semana sofreu ataque cibernético em seu ambiente de tecnologia da informação, que resultou em indisponibilidade de parte de seus sistemas no Brasil e em sua Unidade localizada no México. Saiba mais…

   Neoenergia (NEOE3)

   A Neoenergia divulgou que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou o pedido de registro da oferta pública de aquisição (OPA) das ações de sua subsidiária Neoenergia Cosern (Companhia Energética do Rio Grande do Norte). Saiba mais…

   Plano&Plano (PLPL3)

   No segundo trimestre de 2024, a Plano&Plano atingiu um recorde histórico no volume de lançamentos para o mercado privado. Saiba mais…

   Sabesp (SBSP3)

   A Equatorial Participações e Investimentos IV S.A. foi confirmada como investidora estratégica na Sabesp, após cumprir as exigências previstas no prospecto da oferta pública para adquirir o bloco prioritário de 15% das ações da empresa, segundo nota da secretaria do governo do Estado de São Paulo. Saiba mais…

   Mais de 300 investidores participaram do processo de bookbuilding da oferta pública da Sabesp, que terminou ontem (15/07), disseram fontes à Coluna do Estadão. Desses, mais da metade eram estrangeiros. Saiba mais…

   Partidos de esquerda acionaram o STF contra o cronograma de privatização da Sabesp e o contrato de concessão da empresa com a prefeitura de São Paulo. As legendas também pedem a derrubada da lei municipal que autoriza a celebração de contratos de prestação de serviços de saneamento. Saiba mais…

   Smart Fit (SMFT3)

   A Smart Fit assinou acordo para compra de 100% do capital social da rede de academias Velocity por um valor que pode chegar a R$ 183 milhões a depender do cumprimento de determinadas condições. Saiba mais…

   

   (Com informações da TC Mover e Momento B3)