Dólar recua na segunda-feira com certo alívio político e foco nas decisões de juros

O dólar encerrou a segunda-feira (8) em queda de 0,22%, cotado a R$ 5,4207, após a disparada provocada pelo choque político da sexta-feira. A correção ocorreu em meio ao alívio parcial gerado pela possibilidade de Flávio Bolsonaro desistir da disputa presidencial de 2026. Já o Ibovespa subia na última hora do pregão.

A semana começou com forte influência de fatores domésticos. O “risco Flávio Bolsonaro” continuou sendo monitorado de perto pelos investidores, após o senador afirmar que sua permanência na corrida presidencial teria “um preço”. O comentário adicionou incertezas ao ambiente político e limitou a queda do dólar, apesar da correção técnica inicial.

A pré-candidatura anunciada na sexta-feira reacendeu temores no mercado, que derrubaram o Ibovespa em 4,31% e impulsionaram o dólar a R$ 5,4328, alta de 2,34%. A leitura de que Flávio dividiria a direita e reduziria a competitividade de nomes considerados mais viáveis eleitoralmente, como Tarcísio de Freitas, derrubou os mercados.

A possível desistência do senador, condicionada a negociações envolvendo anistia para Jair Bolsonaro, trouxe algum alívio, mas não dissipou o desconforto. Parte do mercado segue avaliando que a instabilidade política continuará a influenciar o câmbio. No acumulado da semana, o dólar recua 0,22%, mas sobe 1,60% no mês e cai 12,28% no ano.

O Boletim Focus trouxe novo recuo das projeções de inflação: para 2025, a previsão caiu de 4,43% para 4,40%; para 2026, de 4,17% para 4,16%. As expectativas para o PIB avançaram para 2,25% em 2025 e 1,80% em 2026, enquanto as projeções para o câmbio seguem em R$ 5,40 e R$ 5,50.

Mesmo com o Focus mais benigno, o mercado voltou-se para a “Super Quarta”, quando Copom e Federal Reserve anunciam suas decisões. No Brasil, espera-se manutenção da Selic em 15%. O BC tem reforçado um discurso conservador, sustentado pela combinação incomum de desemprego baixo (5,4%) e juros elevados.

Nos Estados Unidos, a expectativa predominante é de novo corte de 0,25 ponto percentual, colocando os juros na faixa de 3,50% a 3,75%. O PCE, indicador favorito do Fed, apontou inflação básica de 2,8% em setembro, ligeiramente abaixo dos 2,9% esperados, com as apostas inclinadas para a continuidade do ciclo de afrouxamento.

Enquanto isso, o Ibovespa tentava recuperar parte das perdas recentes. Às 17h14, subia 0,77%, aos 158.573 pontos. No acumulado da semana e do mês, o índice recua 1,07%, mas mantém alta de 30,83% em 2025.

No exterior, os mercados operaram com tom negativo moderado. Em Wall Street, o Dow Jones recuou 0,45%, o S&P 500 caiu 0,35%, e o Nasdaq perdeu 0,14%. Na Europa, o STOXX 600 fechou em baixa de 0,07%, enquanto o DAX subiu 0,07%, o CAC 40 caiu 0,08%, e o FTSE 100 perdeu 0,23%.

As bolsas asiáticas tiveram desempenho misto: China em alta com SSEC +0,54% e CSI300 +0,81%; Em Hong Kong, o Hang Seng fechou em queda de 1,23%; e o Nikkei subindo 0,2%. Por lá, foram divulgados dados positivos de exportações chinesas e expectativas de estímulos em 2026, com o ambiente internacional ajudando a limitar a volatilidade local do dólar.

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