Eletrobras lança oferta bilionária, mas companhia precisa obter aprovação prévia dos credores de Furnas
30 Maio 2022 - 10:17AM
ADVFN News
Após quase cinco anos em gestação, a Eletrobras lançou, sua
oferta bilionária de ações que resultará na privatização da
companhia. Com uma movimentação que pode superar os R$ 30 bilhões,
será uma das maiores da história da Bolsa brasileira, só atrás da
megacapitalização de R$ 120 bilhões da Petrobras, realizada em
2010. Embora muito comemorada, a operação enfrenta um risco de ser
cancelada, o que surpreendeu alguns agentes de mercado.
O grupo Eletrobras (BOV:ELET3) (BOV:ELET5) (BOV:ELET6) precisa
obter, até 6 de junho, a aprovação prévia de credores de Furnas
para um aporte bilionário que esta empresa precisará fazer na Santo
Antônio Energia, que opera hidrelétrica de mesmo nome. Caso essa
anuência não seja obtida até a data definida, a oferta volta para a
gaveta. A precificação está marcada para 9 de junho.
Por conta de um imbróglio entre acionistas da Santo Antônio
Energia e o consórcio construtor da usina que resultou em uma
condenação arbitral, Furnas terá de fazer um aporte de até R$ 1,58
bilhão na operadora da usina. O valor do aporte é superior ao
limite para essas situações estabelecido em escritura de emissão de
debêntures de Furnas, o que poderia provocar o vencimento
antecipado cruzado (cross default) da maioria do endividamento de
Furnas e, consequentemente, de grande parte do endividamento da
própria Eletrobras.
Fontes que acompanham de perto a operação consideram que este
será o principal tema no radar de potenciais investidores nos
próximos dias. As conversas com investidores começaram oficialmente
nesta sexta-feira. Tendo em vista a decisão da Eletrobras de lançar
a oferta mesmo diante dessa incerteza, alguns consideram que a
companhia deve ter obtido uma sinalização favorável para resolver a
questão.
A operação que resultará na privatização da companhia envolve
uma emissão primária de 627.675.340 novas ações, com recursos que
vão para o caixa da elétrica, e uma oferta secundária de 69.801.516
ações do acionista controlador, a União. A fatia primária será
também ofertada no formato de American Depositary Receipts (ADS)
para atender os investidores estrangeiros. Considerando o lote
suplementar de até 15% do total das ações ofertadas, a operação
pode movimentar mais de R$ 35 bilhões, tendo em vista preço de
referência de R$ 44 por ação, correspondente ao valor de fechamento
das ações ON antes do anúncio.
Além da condicionante relacionada a Furnas, a oferta também pode
ser cancelada caso o preço por ação seja inferior a um valor
mínimo, que não foi divulgado oficialmente. Outra condição é que o
montante arrecadado na oferta primária corresponda a recursos
líquidos de, no mínimo, R$ 22.057.564.316,99, conforme definido em
Assembleia de acionistas.
Por meio da operação, a fatia da União deverá cair dos atuais de
72% do capital votante para um porcentual de até 45%. Com isso, o
Estado deixa de ser acionista majoritário e a empresa se torna uma
corporação de capital pulverizado. Apesar de manter uma
participação relevante, a União terá um poder de gestão diminuído,
já que foram aprovadas mudanças no estatuto social da companhia de
forma a proibir que qualquer acionista exerça votos em volume
superior a 10% das ações.
Cronograma
Após a liberação da operação pelo Tribunal de Contas da União
(TCU) na semana passada, o governo e os bancos voltaram a trabalhar
em ritmo acelerado. A ideia é proporcionar o maior afastamento
possível do período de férias no hemisfério Norte e do calendário
eleitoral, para atrair o maior número de investidores e evitar que
as discussões políticas afetem ainda mais a avaliação sobre a
empresa.
A operação pode garantir um noticiário favorável ao governo, que
pouco conseguiu avançar na agenda de grandes privatizações, e ao
mesmo tempo se vê neste momento imerso em notícias negativas
relacionadas ao setor de energia, em diversas frentes.
Obtido o aval em Furnas, a avaliação é de que a Eletrobras não
deve ter problemas para concluir a operação. Segundo fontes, há
interesse de diferentes públicos na oferta da Eletrobras, com
destaque para fundos institucionais, hedge funds e varejo, embora a
operação não seja uma unanimidade.
A oferta terá um máximo de R$ 6 bilhões destinados aos
investidores que queiram utilizar o Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) para adquirir ações da elétrica. A aquisição será
feita por meio de fundos FMP-FGTS, que está sendo colocado à
disposição do publico de varejo por gestoras, a maior parte, ligada
a bancos.
A operação tem como coordenadores líderes o BTG Pactual, o Bank
of America, Itaú BBA, Goldman Sachs e XP Investimentos. Participam
ainda do sindicato, mas não como líderes, o Bradesco BBI, Caixa
Econômica Federal, Citi, Credit Suisse, JP Morgan, Morgan Stanley e
Safra.
Informações Broadcast
ELETROBRAS PNB (BOV:ELET6)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
ELETROBRAS PNB (BOV:ELET6)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024