A Suzano, maior produtora mundial de
celulose de eucalipto, encerrou o terceiro trimestre com lucro
líquido de R$ 5,44 bilhões, comparável a prejuízo de R$ 962 milhões
um ano antes, na esteira da melhora dos volumes comercializados, de
preços mais altos da celulose e de papéis e da melhora do resultado
financeiro.
A empresa explica que o resultado se deve a “variação positiva
no resultado financeiro, por sua vez decorrente do menor impacto
negativo da desvalorização cambial sobre a dívida e resultado
positivo das operações com derivativos, e pelo maior resultado
operacional”.
A receita líquida somou R$ 14,1 bilhões, avanço
de 23% em um trimestre e de 32% em um ano.
Em relação ao 2T22, o aumento de 23% da receita líquida ocorreu
em função do maior preço médio líquido de celulose e papel, da
apreciação do USD médio em relação ao BRL (+7%) e do maior volume
total de vendas (+5%). A elevação de 32% da receita líquida
consolidada em relação ao 3T21 é explicada principalmente pelo
maior preço médio líquido da celulose em dólar (+25%) e de papel
(+40%); bem como pelo maior volume de vendas (+5%).
“A elevação em relação ao 2T22 é explicada pela variação
positiva no resultado financeiro, por sua vez decorrente do menor
impacto negativo da desvalorização cambial sobre a dívida e
resultado positivo das operações com derivativos, e pelo maior
resultado operacional”, explicou a companhia.
“A variação positiva em comparação ao 3T21 é explicada pelos
mesmos fatores”, concluiu.
As vendas de celulose da Suzano totalizaram 2.797 mil toneladas,
apresentando um aumento de 5% tanto em relação ao 2T22 quanto ao
3T21. O preço líquido médio em USD da celulose comercializada pela
Suzano foi de US$ 812/t, representando um aumento de 12% frente ao
2T22. No mercado externo, o preço médio líquido realizado pela
Companhia ficou em US$ 821/t, um aumento de 12% na mesma base de
comparação.
As vendas de papel da Suzano no mercado interno totalizaram 243
mil toneladas no 3T22, um crescimento de 5% em comparação ao
trimestre anterior e 2% em comparação ao 3T21. As vendas de papel
nos mercados internacionais totalizaram 88 mil toneladas, uma queda
de 5% frente ao trimestre anterior e de 9% em relação ao 3T21,
representando 27% do volume total de vendas no 3T22.
O ebitda – lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização – ajustado subiu 36% na
comparação anual, a R$ 8,6 bilhões, um recorde, com margem Ebitda
de 61% — dois pontos percentuais acima do registrado um ano
antes.
A geração de caixa operacional, medida pelo ebitda Ajustado
menos o capex de manutenção (em regime caixa), foi de R$ 7,2
bilhões no 3T22. O aumento da geração de caixa operacional por
tonelada de 35% vs. o 2T22 e de 32% vs. o 3T21, está relacionado ao
maior ebitda Ajustado por tonelada, parcialmente compensado pelo
maior capex de manutenção por tonelada em ambos os períodos.
O custo caixa de produção de celulose, considerando-se paradas
para manutenção, ficou em R$ 894 por tonelada, alta de 21% na
comparação anual e de 1% frente ao segundo trimestre.
Maiores custos com madeira, aumento nos preços de químicos e
câmbio explicam a variação nessa conta frente aos três meses
imediatamente anteriores.
As variações cambiais e monetárias reduziram o resultado
financeiro da Companhia em R$ 1.470 milhões como consequência da
desvalorização de 3% do BRL frente ao USD de fechamento do 2T22,
impactando a parcela da dívida em moeda estrangeira (US$ 11,7
bilhões ao final do 3T22). Esse efeito foi parcialmente compensado
pelo resultado positivo da depreciação cambial sobre a posição de
caixa em moeda estrangeira da Companhia (75% ao final do 3T22).
Importante ressaltar que o impacto contábil da variação cambial na
dívida em moeda estrangeira tem efeito caixa somente nos
respectivos vencimentos.
O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 1,528 bilhões
no terceiro trimestre de 2022, uma redução de 80% em relação a
mesma etapa de 2021.
As despesas gerais e administrativas somaram R$ 393 milhões no
3T22, um crescimento de 23% em relação ao mesmo período de
2021.
No 3T22, os investimentos de capital (em regime caixa)
totalizaram R$ 4.043 milhões. A redução de 9% em relação ao 2T22,
ocorreu em função do menor investimento em Terras e Florestas, como
resultado do desembolso relacionado à aquisição societária da
Parkia, ocorrido no trimestre anterior conforme divulgado pela
Companhia em Fato Relevante em 29/06/2022. A queda foi parcialmente
compensada principalmente pela evolução do Projeto Cerrado e pelo
aumento na linha de manutenção florestal.
Em 30 de setembro de 2022, a dívida líquida era de R$ 57,8
bilhões (US$ 10,7 bilhões) versus R$ 54,9 bilhões (US$ 10,5
bilhões) observados em 30 de junho de 2022.
O aumento da dívida líquida é explicado principalmente pela
redução na posição de caixa da companhia. O índice de alavancagem
financeira medido pela relação dívida líquida/EBITDA Ajustado em
Reais ficou em 2,2x em 30 de setembro de 2022 (2,3x no 2T22). Esse
mesmo indicador, apurado em USD (medida estabelecida na política
financeira da Suzano), diminuiu para 2,1x em 30 de setembro de 2022
(2,3x no 2T22).
Os resultados da Suzano (BOV:SUZB3)
referentes suas operações do terceiro trimestre de 2022 foram
divulgados no dia 27/10/2022. Confira o Press Release completo!
Teleconferência
A Suzano está vendo uma relação de oferta e demanda por celulose
justa nos mercados internacionais e está otimista sobre os
patamares de preços da commodity para o quarto trimestre, afirmaram
executivos nesta sexta-feira.
Apesar disso, a companhia se mostra incomodada com a
volatilidade de preços da celulose nos mercados globais, entendendo
que não é positiva para a empresa ou para os clientes e por isso
vai trabalhar em 2023 para tentar reduzir variações bruscas.
“O ambiente de volatilidade de preços não é bom para os clientes
e para nós… Toda a cadeia está afetada por isso e nossa ambição é
reduzir isso ao longo do tempo”, afirmou o presidente da Suzano,
Walter Schalka, em teleconferência com analistas.
“Vamos trabalhar sobre isso no próximo ano, vamos ter esquemas
como preço fixo, teto e piso, mas vamos proteger nossos preços
quando o preço cair”, disse o executivo.
Segundo o diretor de celulose da Suzano, Leonardo Grimaldi, o
cenário sobre entrada da novas capacidades de produção de celulose
em 2023 ainda está claro, com chances de paradas de manutenção não
programadas na indústria e atrasos em projetos.
Grimaldi afirmou que os estoques de celulose em portos da Europa
e Ásia estão em níveis reduzidos, principalmente em fibra curta, o
que ajuda a manter a precificação da companhia, que tenta correr
para atender pedidos de clientes na Ásia onde enfrentou atrasos de
entregas.
Com isso, a Suzano não pretende ampliar estoques de celulose
neste final de ano. “Vemos demanda consistente na Europa, Estados
Unidos, América Latina e China…Temos um cenário de curto prazo
muito bom”, disse o executivo.
Questionados sobre interesse da Suzano em novas consolidações no
segmento de papel tissue, após o anúncio nesta semana de compra dos
ativos da Kimberly-Clark no setor no Brasil, o diretor de produtos
de consumo da Suzano, Luis Costa Bueno afirmou que a prioridade da
empresa nos próximos meses está em integrar as instalações
adquiridas, que vão ampliar a presença da companhia no setor para a
região Sudeste.
As ações da Suzano estavam entre as maiores altas do Ibovespa às
11h13, exibindo alta de cerca de 2%, enquanto o índice recuava
0,8%.
Na noite da véspera a companhia divulgou desempenho acima do
esperado pelo mercado para o terceiro trimestre, com aumento de 36%
no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
(Ebitda) ajustado sobre um ano antes.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
aponta o Bradesco BBI, houve queima de caixa, impactada pelo
maior investimento e uma variação de R$ 1,3 bilhão no capital de
giro, com a dívida líquida de R$ 57,8 bilhões.
Para os analistas do banco, olhando para o quarto trimestre, os
resultados devem permanecer sólidos, já que os preços podem
continuar a subir devido a defasagens de preços, enquanto a
projeção é de volumes saudáveis em meio a condições de mercado
apertadas.
“No entanto, continuamos preocupados com as perspectivas para o
mercado de celulose em 2023, dada a demanda mais fraca, a redução
dos gargalos logísticos e a chegada de novas ofertas ao mercado”,
afirmam os analistas do Bradesco BBI.
Dito isso, acham ser improvável que as ações do setor de Papel
& Celulose tenham um bom desempenho em um ambiente de queda de
preços da commodity em 2023/24 e veem espaço limitado para uma
reclassificação dos múltiplos no curto prazo.
Bradesco BBI tem recomendação de venda com preço-alvo de R$
56,00…
Eleven
Para a Eleven, mesmo com a recuperação recente do ativo SUZB3, a
ação ainda se encontra descontada devido às boas perspectivas de
curto prazo. Ainda, negociando a 6,3 vezes o valor da empresa sobre
o Ebitda esperado para 2023, ela está com um desconto de quase 15%
frente a média dos últimos 5 anos.
Esses pontos reforçam a recomendação de compra. Contudo, os
analistas da casa avaliam que ficarão atentos para movimentos de
mercado que possam ocasionar o começo de uma normalização nos
preços da celulose, como entrada de capacidades e normalização de
operações no hemisfério norte.
Goldman Sachs
Os analistas do banco destacaram em relatório antes da abertura
já prever uma reação positiva do mercado, especialmente em um
contexto de resultados relativos mais fracos esperados para outras
companhias de materiais básicos da América Latina (notavelmente
metais/mineração) e com o novo anúncio de recompra de 20 milhões de
ações (1,4% do valor de mercado).
Eles apontam que o preço das ações da Suzano subiu 23% em
relação às mínimas recentes até o fechamento da véspera (ainda com
baixa de 9% no acumulado do ano), o que acreditam ser explicado por
uma combinação de 1) aumento da posição dos investidores em relação
aos lucros trimestrais; 2) interesse crescente em empresas baseadas
em receita em dólares com investidores de olho nas eleições no
Brasil e 3) percepção crescente de ganhos de curto prazo com a
resiliência contínua do preço da celulose (provavelmente apoiado
por atrasos recentes nos projetos de celulose).
“Embora não tenhamos opinião sobre projeção de câmbio
após-eleição, acreditamos que pouco mudou em relação às
perspectivas de oferta/demanda de celulose em direção ao que
esperamos ser um excesso de oferta de vários anos em 2023-24. De
fato, as perspectivas de demanda continuam a piorar (com ventos
macroeconômicos contrários), enquanto as perspectivas de oferta
permanecem inalteradas (ainda que alguns projetos adiados por mais
alguns meses)”, avalia o Goldman.
Além disso, a lucratividade atual de US$ 520 a tonelada está 70%
acima dos níveis normalizados e sustentáveis de US$ 300 a
tonelada devido aos altos preços históricos de celulose. “Portanto,
não esperamos que o mercado precifique uma continuação do nível de
lucro atual”, com os analistas vendo catalisadores positivos
limitados em 2023.
Goldman Sachs tem recomendação de venda com preço-alvo de R$
50,00…
Levante
A Levante também tem recomendação de compra para os ativos e
aponta que a Suzano segue apresentando sólidos resultados, enquanto
suas ações apresentam desempenho negativo no ano, se descolando dos
fundamentos. A casa de análise reforça que o mercado vem
precificando uma forte queda nos preços da celulose desde o início
do ano, o que até agora não aconteceu. A demanda por celulose segue
saudável, enquanto a oferta continua apresentando problemas, o que
vem sustentando os preços em patamares elevados.
“A cada resultado, a empresa prova o acerto na condução da
estratégia aliando visão de longo prazo, perenidade do fluxo de
caixa e geração de valor a seus acionistas em um mercado complexo e
competitivo. Seguimos positivos com a tese da companhia no
médio/longo prazo, ainda contando com opcionalidades importantes,
como a inserção da celulose de eucalipto no mercado de papel e
papelão, tecidos, entre outras aplicações. Também vemos com bons
olhos a monetização de créditos de carbono, à medida que as regras
deste mercado fiquem mais claras no Brasil, sendo a Suzano uma das
maiores geradoras deste tipo de ativo no mundo”, conclui.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Suno, Reuters
SUZANO PAPEL ON (BOV:SUZB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
SUZANO PAPEL ON (BOV:SUZB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024