Qual o impacto que a mudança no sistema tributário pode trazer para o setor de varejo?
07 Fevereiro 2024 - 2:33PM
ADVFN News
A equipe de analistas da XP Investimentos, encabeçada por
Danniela Eiger, mudou suas projeções para as varejistas em 2024
tentando mensurar, entre outras coisas, o impacto que a mudança no
sistema tributário, com a aprovação da medida provisória (MP) 1.185
– e que foi convertida em janeiro na Lei das Subvenções de
14.789/2023 – terá nas empresas sobre sua cobertura. Apesar de a
visão geral ser de que o novo regime irá reduzir os benefícios de
ICMS, algumas companhias, para a equipe de análise, estão fazendo
seu dever de casa – caso da C&A (BOV:CEAB3), que teve sua
recomendação elevada de neutra para compra.
A MP em questão impôs um novo regime tributário que extingue a
distinção entre os benefícios do ICMS (créditos presumidos,
impostos diferidos / reduzidos e isenção), introduzindo um
mecanismo de crédito fiscal que limita significativamente os
benefícios das empresas no que diz respeito ao imposto de
renda.
Desde o primeiro dia de 2024, as subvenções destinadas a
investimentos deixaram de ser excluídas das bases de cálculo do
IRPJ (Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica) e da CSLL
(Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), além de passarem a ser
tributadas pelo PIS e COFINS. Antes dessa medida, tais subvenções
não eram consideradas na base de cálculo desses tributos, o que
representava um incentivo fiscal para as empresas investirem.
“Estamos adotando uma abordagem homogênea para o setor, na qual
assumimos que as empresas serão capazes de habilitar 100% de seu
Capex [gasto de capital, com investimentos] a partir de 2024, com o
uso de crédito limitado à sua taxa de depreciação”, diz a
corretora.
Na visão da casa, ainda é “muito difícil calcular as estimativas
dos impactos”, já que cada empresa terá sua própria estratégia
judicial para lidar com as implicações, diferentes mecanismos
internos e taxas diferentes de benefícios, mas destacou os
possíveis impactos para as projeções das companhias, em quadro a
seguir.
“Como resultado, nosso caso base para a taxa efetiva de imposto
das empresas agora está aproximadamente entre um caso pessimista,
excluindo 100% dos benefícios, e um otimista, excluindo 50% dos
benefícios”, fala a equipe.
A equipe também pontua que, fora esse tema, outros fatores como
a cobrança retroativa do Difal (diferença de impostos entre
estados), a discussão sobre a isenção da folha de pagamento e
limitações no crédito tributário também podem impactar as
companhias ao longo do ano.
De olho nisso, o lucro líquido total das varejistas com
cobertura da casa foi reduzido em 3%, principalmente por conta da
suposição em relação ao uso de créditos de ICMS no imposto de
renda.
“Olhando para o nível de Ebitda [Lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização], há tendências mistas com algumas
melhorias em relação às nossas estimativas anteriores,
principalmente devido a iniciativas internas das companhias para
melhorar a eficiência, enquanto outras estão sendo reduzidas ainda
mais devido a um ambiente de demanda ainda desafiador”,
ponderam.
É por conta do diferencial operacional que a corretora,
inclusive, alterou a sua recomendação para a C&A.
“Permanecemos mais cautelosos em relação à recuperação da
demanda em 2024, especialmente no primeiro semestre, e, assim,
continuamos a favorecer nomes mais defensivos com sólidas
perspectivas de crescimento, nomeadamente Vivara (BOV:VIVA3), Assaí
(BOV:ASAI3) e Grupo Mateus (BOV:GMAT3). No entanto, também gostamos
de histórias de ‘autoajuda’, com iniciativas internas como o
principal motor para desbloquear valor à frente, e, assim, elevamos
a C&A”, dizem, mencionando fatores como o push & pull,
C&A Pay e ambiente competitivo racional.
Informações Infomoney
C&A ON (BOV:CEAB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Ago 2024 até Set 2024
C&A ON (BOV:CEAB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Set 2023 até Set 2024