A Vivara Participações aprovou a eleição do Sr. Nelson Kaufman, fundador e maior acionista da Companhia, como novo Diretor Presidente da Companhia, em vista a renúncia apresentada nesta mesma data pelo Sr. o Sr. Paulo Kruglensky.

O fato relevante foi feito pela companhia (BOV:VIVA3) na sexta-feira (15).

O sr. Nelson fundou a Vivara na década de 60 e se destacou por capitanear o ciclo de expansão e desenvolvimento do modelo de negócios vencedor em que a Companhia opera. Nos últimos anos, Nelson se dedicou a projetos pessoais e atuou diretamente na busca por inovações e operações ao redor do mundo que pudessem inspirar os direcionais estratégicos para a Vivara seguir consolidando sua posição de liderança no mercado. Agora, o empresário retorna ao comando da Companhia, com o propósito de dar continuidade aos caminhos que a Vivara tem trilhado desde 2019, com o IPO, além de resgatar e solidificar as bases que trouxeram a empresa até aqui.

O Sr. Paulo Kruglensky atuou como executivo do grupo por 17 anos, sendo que nos últimos três anos ocupou a posição de CEO da Vivara e deixará o cargo para dedicar-se a outros projetos pessoais. A decisão foi tomada de comum acordo entre Companhia e executivo, que seguirá como membro integrante do grupo de acionistas de referência. Agradecemos a valiosa contribuição e desejamos sucesso ao Sr. Paulo. Sob a sua liderança, a Vivara avançou significativamente em pilares importantes como fortalecimento das marcas, crescimento e transformação digital.

Teleconferência

A troca surpresa no comando da Vivara na última sexta-feira (15) explicitou desafios de governança, na visão de agentes do mercado, e levou a uma forte correção dos papéis nas duas sessões seguintes ao anúncio. As ações da empresa despencavam quase 7% pouco antes das 11h desta terça-feira (19), cotadas a R$ 24,69, ampliando as perdas de 14% vistas na véspera (18).

Dentro de gestoras, a mudança também foi vista com forte pessimismo, alterando a visão positiva quase consensual das assets para a companhia antes da entrada de Nelson Kaufman, que assumiu o cargo de diretor presidente no lugar de Paulo Kruglensky.

“Era uma história ‘super-redondinha’. Ninguém tinha a troca no radar. Faz sentido trocar o presidente quando tem um problema e a empresa está em situação delicada, ou quando a pessoa vai se aposentar”, disse. “Mudanças de ‘supetão’ não existem em empresas bem tocadas, ou quando o CEO está fazendo um bom trabalho”, acrescentou uma fonte.

A mudança no topo da administração da Vivara também levou a alterações nas carteiras. Gestoras ouvidas sob a condição de anonimato pelo InfoMoney disseram que zeraram ou que devem reduzir posições. Para algumas, a queda vista na véspera é “justificada”.

“Gerou uma incerteza grande em cima do capital da companhia, da retenção de executivos e também sobre a alocação estratégica. A partir de hoje, a empresa merece um desconto por governança”, disse uma fonte.

Um dos pontos que mais geraram ruído no mercado foi o desejo de internacionalização apresentado por Kaufman em entrevista ao Pipeline, do jornal Valor Econômico. Segundo algumas casas, a Vivara já havia citado a possibilidade, mas sempre ponderando a vontade de dar prioridade ao mercado interno.

“Quantas varejistas tentaram ir para fora, mas não conseguiram? Temos Arezzo e Alpargatas, como exemplo”, pontua um profissional. Para ele, a Vivara teria capacidade de expandir mais a sua presença no Brasil. Um dos destaques, diz, seria a marca Life, que é focada no público jovem e em peças prata, e que poderia ser um “motor de crescimento” para a companhia por ter iniciado seu processo de expansão há menos tempo.

Teleconferência “desastrosa”

Outro ponto de atenção para algumas gestoras ouvidas pela reportagem foi a teleconferência realizada na última segunda-feira (18). Segundo as casas, a reunião com investidores foi “desastrosa”.

“Ele [Kaufman] menosprezou o trabalho da diretoria atual e não deixou claro o direcional da estratégia. Citou os Estados Unidos como possibilidade de expansão da marca, mas o país possui um ambiente muito mais competitivo e difícil. A Vivara não tem força de marca lá”, observou um analista de uma gestora.

A ausência de Paulo Kruglensky na teleconferência para a passagem de bastão também foi vista como um sinal de alerta. “Ele não apareceu na call. Dá a entender que houve um atrito entre os dois”, diz.

Para o profissional, as mudanças fizeram com que seja mais “justificado” ter posição nas ações. “Não sei o que vai acontecer se a empresa ficar um ou dois anos na mão dele [Kaufman]”, acrescenta.

VISÃO DO MERCADO

Os papéis da Vivara (VIVA3) estão na segunda colocação das mais negociadas, atrás apenas de Magazine Luiza (MGLU3), e caem 6,82% (R$ 24,61). As ações da empresa acumulam baixa de mais de 24% somente em março.

A variação negativa ainda é reflexo da troca inesperada do CEO, que foi substituído pelo fundador da companhia, Nelson Kaufman. Para o Bradesco BBI, o desconforto dos acionistas minoritários com ruídos de governança pode manter as ações em queda por algum tempo.

O Bradesco BBI, embora tenha mantido recomendação de compra, disse que terá maior vigilância, diante de uma mudança tão imprevisível. Para o Santander, a teleconferência foi confusa e a mensagem deixada foi “obscura”.

JPMorgan

O JPMorgan apontou, em relatório antes da abertura do pregão, que a mudança inesperada na direção executiva provavelmente resultaria em uma reação negativa no preço das ações na sessão de negociação desta segunda, pois a empresa tem sido uma das varejistas listadas de melhor desempenho sob a liderança de Kruglensky, o que destaca potenciais conflitos adicionais dentro de seu grupo controlador e levanta questões sobre governança corporativa.

Neste contexto, o banco americano avalia que a mudança na liderança sugere um possível deslocamento do foco da empresa para a internacionalização, enquanto a expansão da bandeira Life e as estratégias omnichannel, recentemente em foco, têm gerado resultados positivos significativos, com as tendências de crescimento da Vivara se desvinculando dos concorrentes. Com isso, é relevante observar que a maioria dos varejistas brasileiros, incluindo os de alto padrão, historicamente enfrentou dificuldades para replicar com sucesso os retornos obtidos no Brasil em outros países.

Segundo analistas, a Vivara negocia a 14 vezes e 11 vezes Preço/Lucro para 2024 e 2025, respectivamente. O JPMorgan reiterou classificação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 39, mas disse aguardar “uma melhor visibilidade sobre as possíveis mudanças de estratégia”.

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