Braskem estima que resina "verde" será entre 15% a 20% mais cara
São Paulo - A resina "verde, fabricada a partir do etanol de cana-de-açúcar, custará de 15% a 20% a mais. "Já identificamos clientes dispostos a pagar um prêmio pela vantagem de ter um selo 'verde'", diz o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich. A petroquímica anunciou ontem ter lançado o primeiro polietileno com 100% de matéria-prima renovável certificado pela Beta Analytic, um laboratório americano de análise. A Braskem diz que a indústria de plástico não precisará fazer inve...
Braskem estima que resina "verde" será entre 15% a 20% mais cara
São Paulo - A resina "verde, fabricada a partir do etanol de cana-de-açúcar, custará de 15% a 20% a mais. "Já identificamos clientes dispostos a pagar um prêmio pela vantagem de ter um selo 'verde'", diz o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich. A petroquímica anunciou ontem ter lançado o primeiro polietileno com 100% de matéria-prima renovável certificado pela Beta Analytic, um laboratório americano de análise. A Braskem diz que a indústria de plástico não precisará fazer investimentos para adaptação de máquinas e que a nova resina tem características iguais às do polietileno produzido a partir de nafta ou gás. "É um marco na evolução da petroquímica brasileira e mundial", diz Grubisich, salientando que o custo hoje para produção do polietileno - usado em embalagens e produtos plásticos - em relação ao método tradicional é "competitivo". O grande apelo da Braskem é a fonte de matéria-prima renovável, o etanol. "O Brasil é um dos maiores produtores de etanol do mundo e o mais competitivo", diz. Produzir plásticos com fontes renováveis não é um fato novo. O celofane, material feito a partir da celulose, é fabricado desde o fim do século 19, mas perdeu importância para outros materiais com o desenvolvimento tecnológico e a abundância de insumos do petróleo na metade do século 20. Mas o negócio voltou a ser atraente por conta da disparada do petróleo. O custo para produzir polietileno a partir do etanol perde competitividade se o petróleo cair. "Com o petróleo a US$ 30 por barril, ficamos no limiar da competitividade", afirmou o diretor industrial da unidade de insumos básicos da Braskem, Manoel Carnaúba. A Braskem, que herdou a tecnologia de alcoolquímica da Salgema, desativada em 1992, investiu US$ 5 milhões no projeto atual, que converte etanol em eteno e, por sua vez, em polietileno numa unidade de testes no centro tecnológico da empresa, em Triunfo (RS). Os pesquisadores encontraram a equação na qual se consegue produzir 2,2 vezes mais polietileno "verde" do que a quantidade necessária para produzir a mesma resina a partir do nafta. A meta da Braskem é começar a operar, até o fim de 2009, uma fábrica com capacidade entre 100 mil e 200 mil toneladas de polietileno "verde". O investimento varia de US$ 60 milhões a US$ 100 milhões. A unidade não tem localização definida. A empresa produz hoje 1,8 milhão de toneladas de polietileno. Em paralelo a resina "verde", a Braskem prevê converter as suas unidades de MTBE, um aditivo posto na gasolina, em ETBE, feito a partir do etanol. Com os dois projetos, a demanda da empresa por etanol é de 250 milhões a 300 milhões de litros, podendo crescer para 1 bilhão em dez anos, previu Grubisich. Mas o executivo não vê riscos de desabastecimento. "A produção brasileira de 18 bilhões de litros deve dobrar em cinco anos", afirma o executivo, lembrando também dos ganhos de produtividade da indústria de etanol. A Odebrecht, dona da Braskem, estuda ingressar neste setor. ( Fonte: Valor Econômico )
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