NOTÍCIAS
09/03/2016 | 10h54
Estrela busca saída para reduzir dívida e voltar ao azul
Medidas incluem fechar o capital, mas minoritários discordam

A Estrela, fabricante de brinquedos fundada em 1937, luta há anos para sair do prejuízo e reduzir o endividamento. A receita atual é pouco superior a R$ 100 milhões – a dívida é quase cinco vezes esse valor. Os sócios veem potencial para a companhia sair dessa situação difícil, mas há divergências entre o comando da empresa e acionistas minoritários.
Para o sócio majoritário e presidente da companhia, Carlos Tilk...

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09/03/2016 | 10h54
Estrela busca saída para reduzir dívida e voltar ao azul
Medidas incluem fechar o capital, mas minoritários discordam

A Estrela, fabricante de brinquedos fundada em 1937, luta há anos para sair do prejuízo e reduzir o endividamento. A receita atual é pouco superior a R$ 100 milhões – a dívida é quase cinco vezes esse valor. Os sócios veem potencial para a companhia sair dessa situação difícil, mas há divergências entre o comando da empresa e acionistas minoritários.
Para o sócio majoritário e presidente da companhia, Carlos Tilkian, a salvação passa pelo fechamento de capital e por mudanças na produção. Acionistas minoritários querem manter o capital aberto e veem oportunidade de melhoria com o pagamento das dívidas tributárias.
Da dívida total de R$ 472,9 milhões da Estrela, R$ 216,9 milhões são impostos (IPI, ICMS, PIS, Cofins) em atraso, com suas respectivas multas e juros de mora. A empresa aderiu ao Refis da Copa, programa de parcelamento de tributos federais devidos até o ano de 2013, e pode quitar essa dívida com desconto. Pelas regras da Receita Federal, pagando à vista, a empresa teria desconto de 100% na multa de mora, de 40% na multa isolada, de 45% nos juros e de 100% nos encargos legais.
Rafael Norsch, gestor da Zenith Asset Management, uma das sócias minoritárias da Estrela, calcula que com todos esses descontos, a Estrela poderia abater da sua dívida R$ 216,9 milhões pagando apenas R$ 42 milhões à vista. Isso porque a maior parte da dívida refere-se a juros e multas, que teriam descontos no pagamento.
O recurso para a Estrela quitar a dívida existe, mas não está disponível em caixa. No terceiro trimestre de 2015, a empresa requereu em juízo autorização para usar Títulos da Dívida Agrária (TDA), que somam R$ 43,3 milhões, para quitar a dívida tributária. O pagamento seria feito com depósito judicial, usando os recursos obtidos com a venda dos TDAs. O pedido ainda não foi autorizado pela Justiça. “Se o pagamento à vista é autorizado, a empresa reduz bastante o passivo e terá sobra de caixa para realizar suas operações com tranquilidade”, afirma Norsch.
A Zenith foi a acionista minoritária que mais investiu na Estrela no último ano. Desde junho de 2015, elevou a participação de 9,29% para 25,1% das ações preferenciais da Estrela, ou 16,73% do total de ações da companhia. Norsch disse que vê potencial de melhora da empresa no futuro.
A Estrela também tem dívidas relacionadas a empréstimos e financiamentos em moeda nacional, no total de R$ 74,6 milhões. Esses empréstimos destinam-se a capital de giro. Desse total, R$ 9,9 milhões são dívidas de longo prazo e R$ 64,7 milhões, de curto prazo. A possibilidade de reduzir quase pela metade o endividamento trouxe esperança aos acionistas, que veem uma chance real de recuperação no negócio.
Carlos Tilkian, maior acionista da Estrela com 94,71% das ações ordinárias, ou 31,57% do total de ações da empresa, solicitou em setembro de 2015 o fechamento de capital da Estrela, com uma oferta de aquisição do restante das ações. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda não decidiu se aprova o pedido. No pedido, ele alega que o fechamento do capital traria economia de custos.
Tilkian não quis comentar sobre o plano de fechar o capital. Os sócios minoritários se posicionam contra a proposta. A Zenith informou que considera baixo o valor por ação proposto, de R$ 0,37. O valor é uma média ponderada do preço das ações preferenciais nos últimos 12 meses. “Se resolver o problema tributário, a ação pode valer R$ 15. Esse preço não é justo”, disse Norsch. As ações da Estrela ficaram estáveis ontem na BM&FBovespa, a R$ 0,52. No ano, os papéis acumulam alta de 15,56%.
Em entrevista ao Valor, Tilkian disse que a Estrela vai colocar no mercado 200 brinquedos novos, renovando 20% das linhas – mesmo índice de anos anteriores. “Vamos privilegiar a produção nacional e reduzir as importações, para reduzir custos”, afirmou. No ano passado, 65% das linhas foram produzidas no Brasil. Este ano, esse percentual será elevado para 85%.
A Estrela vai reforçar a oferta de itens com preço inferior a R$ 50, para se adequar ao bolso mais apertado dos consumidores. Entre os lançamentos estão quebra-cabeças para adultos, jogos, o robô Stikbot, que permite produzir animação com o boneco, e a linha de bonecos de empilhar Tsum Tsum.
A Estrela divulga os resultados do quarto trimestre nos próximos dias. Nos nove primeiros meses do ano passado, a Estrela teve prejuízo líquido de R$ 16,9 milhões.
Segundo a GfK, as vendas da Estrela cresceram 9,7% em 2015. O mercado de brinquedos cresceu 3,4%. “Em 2015, foram fortes as vendas de massinhas, bonecos de ação e de animação, como Frozen [da Disney]”, disse Oliver Roemerscheidt, diretor da GfK. No caso da Estrela, os produtos mais bem sucedidos em 2015 foram os jogos – Detetive vendeu 246 mil unidades. Os brinquedos de massinha cresceram 40%, segundo a GfK.
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