Quando você vai assistir a um jogo de futebol, quer fazer valer o preço da entrada paga, quer sentir emoção, vibrar, gritar e até chorar (de felicidade, se possível) quando o seu time do coração fizer aquele gol improvável, que ninguém esperava. O mesmo é com uma ação da bolsa de valores.
O preço pago inicialmente deve valer a pena e é claro que um agitozinho no meio de campo é essencial para isso, afinal, quanto mais emoção no mercado, mais a ação pode subir ou não. Quando se fala em gol então, aí é correr para o abraço, porque é sinal de que rendeu participar desse jogo.
Embora muitas empresas escolham seu nome cuidadosamente, uma que não podemos negar que não bateu na trave, pelo contrário, acertou em cheio na rede, foi a Gol (BOV:GOLL4). A companhia aérea brasileira já na virada do século XXI trouxe no nome a maior paixão dos brasileiros: o futebol. Mas será que ela também bate um bolão fora de campo, mais especificamente nos ares?
Aperte os cintos
Vamos voar um pouco pela história dessa empresa para entender melhor quem é ela e como tudo começou. Foi em 2001 que a Gol realizou sua primeira viagem, já no início do ano, em janeiro, com seu Boing 737 – de lá para cá, não mudou, a frota da companhia é basicamente composta dessa aeronave. O que passou por muita transformação foi o número de aviões, que começou em 10 e em 2019 já encerrava com 137.
Ainda no começo das operações, a companhia voava por céus desconhecidos por seus concorrentes: foi a primeira empresa a lançar o bilhete eletrônico, evitando o desperdício de papel, e em 2004 já realizava check-in também eletrônico e disponibilizava a facilidade de poder comprar passagens pelo celular. As ações iam de encontro com sua estratégia chamada de low fare, low cost (baixo custo, baixo preço), um posicionamento competitivo em relação aos concorrentes, já que as atitudes diminuíam custos ao cliente final. A Gol, hoje, é conhecida por ter preços 25% inferiores aos das outras companhias aéreas.
No mesmo ano, a empresa já voava também por céus internacionais, começando com Buenos Aires e Argentina – levando um gol brasileiro para los hermanos. Foi também em 2004 que a Gol entrou para o time da bolsa de valores e em 2005 a confiança do investidor nessa equipe ajudou a marcar um golaço para a companhia no mercado: ela se tornou a única empresa aérea a operar em todas as capitais brasileiras, graças a aquisições de aviões realizadas, sobretudo, com o capital que entrou pelo mercado de ações.
O grande marco mesmo foi em 2007, quando a Gol adquiriu a chamada nova Varig, a irmã boazinha da velha Varig, que não estava muito bem das pernas, voando só no “sabe-se lá como”, cheia de bloqueios judiciais e atolada em dívidas – para se ter uma ideia, até 2005, mais de 60% dessas dívidas eram com credores estatais, entre eles a Petrobras, que sedia combustível à companhia. A nova Varig, ao contrário, era a parte saudável da empresa e ajudou na expansão da Gol para céus desconhecidos, tornando a empresa uma das mais representativas da América Latina.
Varig e Gol até operaram separadas por um tempo, mas a Gol decidiu unificar as marcas e hoje todas as aeronaves são 100% Gol. Fim da história? Ainda não. Essa compra da Varig ainda tem dado muita dor de cabeça para a Gol, mesmo após ter passado tantos anos. Isso porque a Gol acusa a antiga Varig de ter manipulado balanço para receber mais dinheiro no ato da venda. A questão segue judicialmente e a Gol pede uma indenização de R$ 200 milhões. A gente disse para você apertar os cintos, não é?
=> STF mantém decisão arbitral para que fundo indenize a Gol por compra de ativos da Varig.
O que também se arrastou pelo tempo foi outra situação que veio junto com a Varig: o Smiles, programa de milhagens criado por essa companhia ainda em 1994 e que, com a aquisição da Gol, passou a pertencer a ela e a atender outras empresas aéreas também. O sucesso da ideia do programa de fidelidade e do cartão de crédito com a mesma marca acabou dando origem à Smiles S.A., companhia independente que também é negociada na bolsa de valores, sob o ticker SMLS3.
Desde 2019 a Gol desejava realizar a incorporação da Smiles, porém os acordos ainda não chegavam ao fim. Os acionistas minoritários da Smiles viam com grande desvantagem todas as propostas financeiras oferecidas pela Gol. Uma delas, inclusive, é interessante de mencionar: em 2020, ano da pandemia, a Gol pediu um adiantamento de passagens pela Smile no valor de R$ 1,6 bilhão, porém a proposta de aquisição da Gol foi de R$ 1,3 bilhão, isto é, a companhia estaria usando o próprio dinheiro da Smiles para comprar a Smiles – sem smile nenhum no rosto dos acionistas da Smiles. Porém, em dezembro de 2020, chegou-se a um desfecho.
Como a Gol está hoje
A Gol é a número um em diversas frentes dentro do setor aéreo brasileiro: ela tem vantagem competitiva nos preços das passagens, ofertando bilhetes até 25% mais baratos que as outras companhias aéreas, como mencionamos, além de ser a líder em tráfego de passageiros, tendo embarcado cerca de 36 milhões de pessoas no encerramento de 2019.
Ela continua sendo a líder dentro dos principais aeroportos, promovendo 750 voos todos os dias, e dentro do setor possui a maior fatia do mercado doméstico, com uma participação total no mercado de 38% no primeiro trimestre de 2020. Em se tratando do tráfego internacional partindo do Brasil, a participação no mercado foi de 14% no mesmo trimestre, levando os passageiros para 11 destinos estrangeiros.
O que também pesa um pouco em se tratando das operações da companhia hoje é o fato de ela só operar com as aeronaves Boing 737. Dois acidentes fizeram com que as operações da frota Max dos Boing 737 tivessem de ser paralisadas. A Anac, Agência Nacional de Aviação Civil, tem trabalhado na recertificação desse tipo de aeronave. De acordo com os analistas da Ativa Investimentos: “Os voos internacionais e crescimento de voos nacionais são planos para 2021. A autorização para voltar a operar o Boeing 737 Max é peça-chave neste quesito. Já em testes, a companhia espera retomar a operação da aeronave em 2021”.
=> Gol anuncia volta das operações com os aviões 737 Max, da Boeing.
Hora de tirar o time de campo?
Aproveitando ainda mais os comentários dos analistas da Ativa Investimentos sobre a Gol, vale dizer que a recomendação para esse papel é neutra neste momento e a cautela é a melhor companheira: “Em outubro [de 2020], a demanda pela ponte aérea Rio-SP chegou a 28% do valor pré-pandemia, o que representa uma retomada mais vagarosa frente aos 49% reportados pela retomada nacional total. Líder no trecho, a lentidão da retomada é prejudicial para a empresa”.
Entretanto, deve-se levar em consideração o anúncio da companhia de uma retomada ainda mais forte das operações no quarto trimestre – somado à expectativa de chegada da vacina contra o coronavírus –, o que tende a elevar as receitas da empresa perdidas no período da pandemia. Além disso, deve-se lembrar que o quarto trimestre marca também o fim de ano, período em que as pessoas estão mais dispostas e querem viajar. Pensando na vacina, que pode permitir às pessoas voarem cada vez mais alto, a Gol tem vantagens.
Segundo os analistas supracitados, “A Gol aposta em uma atuação centralizada no eixo BSB-Rio-São e, com a chegada da alta temporada, vem expandindo sua operação para o Nordeste, sobretudo em Fortaleza e Salvador, onde possui 52% de share em ambos. Mantendo o domínio dos principais hubs do país, com participação de 91% no Galeão, 35% em SDU, 47% em Guarulhos e 49% em Brasília, a companhia segue apostando na recuperação da demanda dos grandes centros urbanos brasileiros”.
O fim de ano pode ser bom para a Gol, mas e o longo prazo? Em novembro, a Bloomberg criou uma lista com as principais companhias aéreas do mundo com risco de falência. A Gol e a Azul (AZUL4) entraram para o ranking. Se for consolo, a Azul ficou em terceiro, enquanto a Gol apareceu em sétimo. Na data da divulgação, os acionistas preferiram focar no aqui e agora, fazendo as ações subirem no dia mais de 10% cada uma delas, de olho muito mais nas notícias da chegada da vacina do que num futuro que pode ser incerto – embora a taxa de precisão do estudo seja até 90%.
Se você ainda não sabe se é bom ou não investir na Gol, ou se está na hora de tirar o time do campo, esta análise gráfica com certeza pode te ajudar a ter uma visão ainda mais ampla da empresa no seu setor de atuação (um comparativo neste ano com sua maior concorrente, a Azul), mas existem outros modelos que podem te convencer de vez ou te dar a certeza de que não é interessante entrar com GOLL4 na carteira.
Obs.: a última cotação data de 02 de dezembro de 2020.
O que também pode te auxiliar muito na tomada de decisão é o scanner ADVFN. Com ele, é possível ver como anda a saúde financeira da empresa, se é uma boa pagadora de dividendos, como andam seus múltiplos e inclusive quais são as perspectivas para ela. Ou seja, existe uma análise minuciosa dessa empresa, um verdadeiro raio-x a seu dispor e dos seus investimentos também, é claro.
Uma das informações mais reveladoras do Scanner ADVFN é, por exemplo, o preço justo da ação. Será que GOLL4 está cara ou barata? Entrando para o Scanner ADVFN, você tem essa informação não apenas dessa ação, mas de todas as empresas listadas na bolsa!
E aí, você acredita que Gol (GOLL4) faz o seu investimento decolar ou é melhor esperar a turbulência passar? Deixe seu comentário aqui e compartilhe o conteúdo com seus amigos e colegas investidores. Será que eles também não gostariam de saber mais sobre a Gol? É uma boa oportunidade para conhecer ainda mais sobre ela. Aproveitem e bon$ investimento$!
A Gol é uma ótima empresa, mas hoje acho que não é o momento de entrar nela, tenho a impressão que o valor dos papeis irão cair mais..assim como azul e cvc