A Engie Brasil registrou lucro líquido de R$ 904 milhões no quarto trimestre de 2022, alta de 10,9% em relação a igual período no ano anterior, quando apurou R$ 815 milhões.
“É um resultado que vem bem melhor do que o último trimestre do ano anterior, porque a gente teve um impairment das usinas de Pampa Sul e da venda de Jorge Lacerda, que são coisas extemporâneas”, comentou o diretor-presidente da companhia, Eduardo Satamini.
O executivo destacou, ainda, que o aumento no lucro também reflete o início da operação comercial em ativos de transmissão de energia, e redução da inflação no período. “É crescimento do nosso negócio.”
A receita líquida somou R$ 3,102 bilhões no quarto trimestre do ano passado, crescimento de 12% na comparação com igual etapa de 2021.
A companhia de energia destacou que, no acumulado de 2022, a receita operacional líquida superou R$ 11,9 bilhões, valor 5,1% abaixo do registrado em 2021, “resultado da combinação da redução da receita de construção dos sistemas de transmissão, decorrente do avanço das obras e de menor receita das operações de trading, efeitos que foram atenuados pelo aumento da quantidade de energia vendida e maior preço médio de venda”.
O Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ajustado no trimestre encerrado em dezembro recuou 22,8%, para R$ 1,735 bilhão, ante R$ 2,248 bilhões no quarto trimestre de 2021. A margem Ebitda ajustada atingiu 55,9% entre outubro e dezembro, baixa de 25,3 ponto percentual (p.p.) frente a margem registrada em 4T21.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) ajustado foi 32,8% no 4T22, alta de 2,9 p.p. na comparação ano a ano.
O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 428 milhões no quarto trimestre de 2022 ante perdas financeiras de R$ 821 milhões da mesma etapa de 2021.
Os investimentos totais da ENGIE Brasil Energia no 4T22 somaram R$ 916 milhões, dos quais:
- R$ 188 milhões destinados a aquisição de participações societárias, sendo: parcela de R$ 165 milhões do Conjunto Eólico Serra do Assuruá; e R$ 23 milhões do Conjunto Fotovoltaico Assú Sol;
- R$ 657 milhões na construção dos novos projetos, sendo: R$ 324 milhões concentrados na Novo Estado Transmissora de Energia; R$ 180 milhões no Conjunto Eólico Serra do Assuruá; R$ 147 milhões no Conjunto Eólico Santo Agostinho – Fase I; e R$ 6 milhões no Sistema de Transmissão Gralha Azul;
- R$ 57 milhões designados aos projetos de manutenção e revitalização do parque gerador; e
- R$ 14 milhões para a modernização da Usina Hidrelétrica Salto Osório.
Em 31 de dezembro de 2022, a dívida líquida da companhia era de R$ 15,685 bilhões, um crescimento de 7,3% na comparação com a mesma etapa de 2021.
O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 2,3 vezes em dezembro/22, alta de 0,3 p.p. em relação ao mesmo período de 2021.
Operacional
A quantidade de energia vendida em contratos, líquida de operações de trading, passou de 9.347 GWh (4.234 MW médios) no 4T21 para 9.710 GWh (4.398 MW médios) no 4T22, um acréscimo de 363 GWh (164 MW médios), ou 3,9%, entre os períodos comparados. Em 2022, o volume de venda de energia foi de 37.932 GWh (4.330 MW médios), contra 36.365 GWh (4.151 MW médios) registrados em 2021, incremento de 1.567 GWh (179 MW médios) ou 4,3%.
No último trimestre do ano passado, o preço médio da energia vendida pela empresa somou R$ 223,05 por megawatt-hora (MWh), 16,9% maior do que o registrado um ano antes.
A produção total bruta de energia das usinas operadas pela Engie alcançou 5.750 megawatts médios (MWmed) nos três últimos meses de 2022. A energia vendida no período totalizou 4.398 MWmed, ata de 3,9%.
Acumulado do ano
O lucro líquido da companhia no acumulado do ano foi de R$ 2,764 bilhões, aumento de 16,7% em relação a 2021.
A receita líquida, considerando os 12 meses de 2022 foi de R$ 11,907 bilhões, redução de 5,1%.
No acumulado do ano, o Ebitda ajustado da Engie ficou em R$ 6,941 bilhões, 3,4% menor do que o observado em 2021.
No ano de 2022, a Companhia investiu R$ 3.150 milhões, dos quais:
- R$ 861 milhões foram aplicados na aquisição de participações societárias, sendo: R$ 656 milhões nos Conjuntos Fotovoltaicos Floresta e Paracatu; R$ 182 milhões no Conjunto Eólico Serra do Assuruá; e R$ 23 milhões no Conjunto Fotovoltaico Assú Sol;
- R$ 2.057 milhões na construção de novos projetos, sendo: R$ 718 milhões concentrados na Novo Estado Transmissora de Energia; R$ 694 milhões no Conjunto Eólico Santo Agostinho – Fase I; R$ 516 milhões no Conjunto Eólico Serra do Assuruá; e R$ 129 milhões no Sistema de Transmissão Gralha Azul;
- R$ 186 milhões foram destinados aos projetos de manutenção e revitalização do parque gerador; e
- R$ 46 milhões designados para a modernização da Usina Hidrelétrica Salto Osório.
Os resultados da Engie (BOV:EGIE3) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2022 foram divulgados no dia 16/02/2023. Confira o Press Release!
Teleconferência
Os leilões de LTs que serão realizados este ano podem se transformar em oportunidades para a expansão da transmissão da Engie. Em teleconferência de resultados sexta-feira, 17 de fevereiro, o CEO da companhia, Eduardo Sattamini, revelou que esses certames têm sido bem competitivos, mas como alguns players do setor estão vendendo ativos – o que pode significar eventual aversão ao risco Brasil ou necessidade de reforço de caixa – a empresas poderia ter mais chances na disputa. “Pode ser que a gente encontre um momento bom para que a companhia capture oportunidades rentáveis dentro do setor”, avisa.
Com um pipeline de 1,8 GW de projetos, a Engie deve retardar as tomadas de decisão na expansão da geração, diante do cenário de baixos preços. Segundo Sattamini, a ordem é aguardar. “Vamos esperar que o mercado se regularize para que a gente possa executar os projetos greenfield”. aponta. Ele não descartou aquisições durante esse período, mas desde que gere valor e sinergia com os ativos.
De acordo com o executivo, a empresa olha a compra de ativos de transmissão, mas não consegue ser tão competitiva quanto os seus concorrentes de mercado. Segundo ele, o M&A na transmissão se baseia na taxa de retorno e no custo de capital, deixando os fundos de investimentos em melhor situação de disputa.
Sobre o projeto Assú Sol (RN – 752 MW), que terá investimentos de R$3,3 bilhões, mas com um break even acima de R$ 200/ MWh, o CEO justificou que isso foi levado em consideração na aprovação do projeto. O emprendimento fotovoltaico terá um período inicial de geração de caixa baixa, mas que seria crucial para o seu desenvolvimento, uma vez que ele ainda está isento da tarifa, elegível a subsídios. “Se eu não fizesse agora, iria fazer alguns anos adiante e teria uma competitividade menor no mercado”, observa.
Para o deslanche do hidrogênio verde no Brasil, o executivo vê a necessidade de apoio governamental e de regulação. Para ele, o país tem situação favorável, por ter energia verde abundante. Ainda segundo Sattamini, este excesso de oferta poderá acelerar o desenvolvimento do energético no Brasil, uma vez que a demanda do H2 verde pode fazer com que a sobre oferta seja consumida de modo mais veloz. “No Brasil, criamos um grupo no ano passado que olha projetos e se prepara para capturar oportunidades”, comenta.
VISÃO DO MERCADO
Ativa Investimentos
Diante de um maior volume energético vendido, consistentes preços médios e custos em linha, Engie registrou um positivo resultado operacional neste trimestre.
Com igualmente satisfatório resultado financeiro, seu lucro líquido se encontrou bem próximo às nossas expectativas. Junto aos resultados, a companhia ainda anunciou a distribuição de R$ 1,455 bi em dividendos (R$ 1,78/ação), o que somado às demais distribuições efetuadas em 2022, levam o seu payout anual para 100%.
Com um bom resultado operacional e novamente uma sólida distribuição de resultados, esperamos uma reação positiva aos resultados apresentados por Engie neste 4T22.
Percebemos em Engie uma postura mais ousada quanto ao seu balanço energético. Diminuindo a sua cobertura para eventos de cauda, a companhia alocou uma maior quantidade energética no mercado e percebeu o seu volume de energia vendida evoluir 3,9% neste 4T22 vs. 4T21. Ademais, a companhia não apenas se preocupou com o volume, como também conseguiu colocar bons preços médios em seus contratos.
Frente ao 4T21, tais preços avançaram 16,9% e atingiram R$ 222,85/MWh. De maneira consolidada, as receitas com a venda de energia às distribuidoras, aos consumidores livres e às comercializadoras evoluíram 27,4%, 11,3% 37,9% YoY, respectivamente.
Olhando seu balanço energético, percebemos que a estratégia para 2023 também será mais agressiva, o que consideramos positivo dado as atuais expectativas hidrológicas.
Engie reportou resultados superiores ao que esperávamos e uma boa distribuição de proventos para 2022. Com a adoção de uma postura mais agressiva em seu balanço energético, a companhia cria condições de seguir remunerando fortemente os seus acionistas durante 2023. Sem um evento catalisador de curto prazo e um potencial de upside não tão grande, seguiremos neutros, mas reconhecendo que a empresa deverá ser uma das melhores opções para dividendos em 2023.
Ativa tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 45,00…
Itaú BBA
O Itaú BBA, em relatório, destacou esperar dividendos ainda maiores da empresa a partir de 2023 (com rendimentos de dois dígitos).
O Itaú BBA também ressalta que o Ebitda recorrente da Engie ficou em linha com a sua estimativa e aumentou significativamente na comparação anual, auxiliado por melhores resultados tanto na geração quanto na segmentos de transmissão.
Itaú BBA tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 46,10…
XP Investimentos
Para a XP, a Engie teve resultado um pouco acima das suas expectativas e do consenso do mercado.” A empresa apresentou resultados sólidos, impulsionados principalmente pelo segmento de geração, que teve maior volume de energia vendida e preços médios mais elevados. O lucro líquido foi impactado positivamente pelos melhores resultados da TAG e pelo alívio nos resultados financeiros”, avalia.
A empresa reportou um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado de R$ 1,67 bilhão, acima em 10% da estimativa de R$ 1,52 bilhão da XP e do consenso de mercado de R$ 1,48 bilhão. “Excluindo os efeitos do IFRS do segmento de transmissão, vemos o resultado como positivo, refletindo o aumento da energia vendida, preços médios mais altos e melhores resultados da TAG”, avalia.
XP mantém recomendação neutra com preço-alvo de R$ 49,00…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão