Cielo contra-ataca com maquininha grátis e não aceita perder clientes
24 Abril 2019 - 2:04PM
ADVFN News
A Cielo (BOV:CIEL3), maior processadora de
pagamentos do país, mostrou nesta quarta-feira suas novas armas
para segurar o cliente em meio à guerra das maquininhas de cartão,
que esquentou após a concorrente Rede zerar as taxas de antecipação
de recebíveis na semana passada.
A partir de agora, o cliente da Cielo – controlada pelo Bradesco
e pelo Banco do Brasil – pode se tornar dono da maquininha depois
de três meses passando o valor mínimo de 1.600 reais no crédito ou
de 4.000 reais no débito a cada mês. A processadora também vai
diminuir de dois dias para instantâneo o prazo de repasse ao
lojista das compras com cartão, mas cobrando taxas: 1,99% sobre
transações no débito, 4,99% no crédito e 5,99% no parcelado. O
serviço pode ser contratado por clientes que tenham a conta digital
da Cielo.
O objetivo das mudanças é garantir o menor custo do pacote
completo para o varejista, disse nesta quarta-feira o presidente da
Cielo, Paulo Caffarelli, em conversa com analistas e jornalistas
sobre os resultados do primeiro trimestre de 2019. “Queremos que o
comerciante saiba exatamente quanto está pagando no final. Estamos
focando nessa comparação”, disse o executivo, que não quis comentar
as medidas tomadas pela concorrência.
As novidades tendem a apertar ainda mais os resultados
decrescentes da empresa. O balanço do período de janeiro a março
mostrou uma queda de 40% do lucro líquido ante o mesmo intervalo do
ano passado, para 548,5 milhões de reais. Mas a Cielo prefere olhar
para o copo meio cheio: pela primeira vez desde 2016, a base de
clientes cresceu. O aumento foi de 6% na comparação trimestral,
para 1,2 milhão de lojistas ativos. A receita se manteve
praticamente estável em 2,77 bilhões de reais.
Apesar da queda, o lucro ficou dentro das expectativas da
empresa para o primeiro trimestre. A Cielo por ora não vai revisar
a sua projeção de lucro para 2019, que é entre 2,3 e 2,6 bilhões de
reais. “Saímos da mentalidade de rentabilidade para a de
participação de mercado. Todos os nossos movimentos agora são para
aumentar o número de clientes”, afirmou Caffarelli. Gustavo Sousa,
diretor financeiro, completou: “Não podemos olhar a Cielo pelo
momento, mas sim pelos resultados no médio e longo prazo da
estratégia para aumentar o número de clientes dentro da nossa busca
por eficiência operacional”.
Nos últimos anos, a processadora, que já reinou absoluta no
mercado de cartões, tem sofrido com a concorrência, o que aperta as
suas margens. Entre 2015 e 2018, enquanto a sua receita anual subiu
5,4%, para 11,7 bilhões de reais, o lucro recuou 11%, para 3,3
bilhões de reais. O valor de mercado da companhia caiu 57% em três
anos, para cerca de 23 bilhões de reais. No final da manhã desta
quarta-feira, as ações da Cielo perdiam 1,1% na bolsa brasileira
B3, cotadas a 8,26 reais, o que significa uma capitalização de 22,7
bilhões de reais. O Ibovespa recuava 1,3%, para 94.696 pontos.
Por Exame
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