Cielo quer ser habilitada como “terceira interessada” na fusão entre Linx e Stone
27 Outubro 2020 - 9:00AM
ADVFN News
A polêmica compra da Linx (BOV:LINX3) pela Stone ganhou mais um
capítulo. Isso por que a Cielo (BOV:CIEL3) quer ser habilitada como
“terceira interessada” na fusão entre as duas
empresas.
Em documento enviado ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica) nesta segunda-feira (26), a Cielo encaminhou suas
considerações sobre os efeitos no mercado de uma possível união
entre as empresas.
A empresa quer ser habilitada como “terceira interessada” no
processo. O regulamento do Cade prevê o pedido de intervenção de
terceiros cujos interesses possam ser afetados pelo ato analisado
pelo Conselho.
Segundo matéria do Valor Econômico, um dos argumentos citados é
o de que a Stone é uma empresa relevante em meios de pagamentos e a
Linx lidera o segmento de software para gestão de operações de
varejo. A Cielo cita que a empresa tem hoje 45,6% do mercado após a
aquisição de 34 concorrentes. Assim, mais uma aquisição, daria à
Stone grande poder de mercado, possibilitando uma condição abusiva
desse poder de mercado.
Mas a Cielo cita que a real justificativa para a operação seria
a alavancagem entre os segmentos de softwares de gestão e meios de
pagamento. Assim, a operação causaria aumento de barreiras à
entrada no segmento de software de gestão, o que possibilitaria
acesso a informações sensíveis que darão à Stone uma vantagem
competitiva indevida.
Nos motivos apresentados à CVM, a Cielo quer a impugnação da
operação entre Stone e Linx. Ou, ainda, caso a transação seja
aprovada, a Cielo quer que sejam adotadas medidas eficazes e
capazes de eliminar as preocupações concorrenciais.
Se a operação for adiante, diz a Cielo, a integração dos
serviços de pagamentos da Stone com os softwares de gestão da Linx,
dará à Stone o “elevado poder de mercado” da Linx em softwares de
gestão para o varejo, aumentando “incentivos e condições para o
exercício abusivo” desse poder de mercado.
Segundo a Cielo, soluções de software de gestão empresarial têm
se tornado cada vez mais essenciais ao varejo, e assim conexões com
essas soluções são essenciais para adquirentes. A credenciadora
ainda alega que os custos de troca entre essas soluções seriam
elevados devido a “customizações que são efetuadas ao longo do
tempo” e “em razão da integração existente entre os diferentes
sistemas do estabelecimento comercial”, e que esses custos podem
ser maiores quanto mais estabelecimentos a rede varejista
possuir.
A Cielo pede a impugnação da operação ou, no caso de aprovação,
“que sejam impostos remédios suficientes e capazes de eliminar
todas as preocupações concorrenciais” expostas. O documento da
Cielo foi preparado pelo Pereira Neto Macedo Advogados.
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