A temporada de resultados para os bancões foi considerada forte de forma geral pelos analistas de mercado, com as ações de algumas instituições financeiras, como Bradesco, disparando no dia seguinte após o balanço, enquanto outros reagiram de forma mais tímida.

Para o Bank of America, a temporada dos quatro grandes listados em Bolsa – Bradesco (BOV:BBDC3) (BOV:BBDC4), Banco do Brasil (BOV:BBAS3), Itaú (BOV:ITUB4) e Santander Brasil (BOV:SANB11) – renovou o seu otimismo, pois mostraram crescimento acelerado de Lucro por ação (LPA) e melhor ROE (retorno sobre o patrimônio líquido).

O crescimento dos empréstimos acelerou à medida que segmentos de maior risco se recuperaram, o que deve apoiar a geração de receita nos próximos trimestres.

O crescimento dos empréstimos acelerou pelo segundo trimestre consecutivo, agora com algum suporte de linhas de crédito não garantidas. “Acreditamos que isso deva levar a um crescimento mais forte do NII (margem financeira) do cliente, que foi pressionado pela abordagem conservadora de empréstimos do banco nos últimos trimestres. O NII do mercado também melhorou substancialmente, com a normalização das perdas no ano passado (particularmente para Bradesco e Santander SANB11)”, apontam os analistas do BofA.

Os índices de inadimplência (NPLs) melhoraram pelo terceiro trimestre consecutivo (na base trimestral), refletindo a abordagem conservadora de empréstimos dos bancos no passado, e agora estão próximos da média histórica. Consequentemente, o custo do risco se normalizou, com os encargos de provisão crescendo abaixo do crescimento do empréstimo.

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A aceleração no crescimento da receita de taxas de serviços foi um destaque positivo no 2T24, que superou o crescimento do opex (despesas operacionais). As taxas foram apoiadas por taxas de originação de empréstimos e volumes resilientes do mercado de crédito, expandindo acima da inflação. Enquanto isso, o crescimento das despesas operacionais está próximo da inflação.

A XP também ressalta que a maioria das instituições financeiras continuou a registrar melhorias na inadimplência e reportou uma melhor qualidade de crédito em safras mais recentes. Como resultado, a originação de crédito acelerou e as carteiras de crédito mostraram fortes taxas de crescimento em todos os setores. Em relação à Margem Financeira com clientes, os volumes médios mais altos foram parcialmente compensados por combinações de financiamento menos favoráveis e taxas de juros médias mais baixas.

O NII com o mercado exibiu alguma dispersão entre os players, com os mais sensíveis ao ciclo de corte de juros apresentando desempenhos mais suaves. Do lado das despesas, a maioria dos bancos manteve o foco na eficiência, enquanto houve surpresa com a extensão das reduções de agências e medidas de controle de custos. Isso levou a melhores rentabilidades na base anual, enquanto os índices de capital permaneceram saudáveis. “Embora esperemos alguma variação entre as linhas, os resultados do 2T24 indicam que os grandes bancos estão no caminho certo para cumprir seu guidance de lucro líquido para o ano”, avaliaram os analistas da XP.

Ações para monitorar

O BofA destaca ter uma visão positiva do setor com valuation atrativo e melhora do momentum de lucros, com três recomendações de compra: Itaú, Santander Brasil e Banco do Brasil, sendo apenas o Bradesco com recomendação neutra.

“O Bradesco teve um progresso encorajador em seu plano para melhorar a lucratividade de volta aos níveis históricos, e estamos aumentando nossas estimativas de lucro líquido de 2024 e 2025 em 8% e 1%, respectivamente”, avalia o BofA, que também elevou o preço-alvo de BBDC4 de R$ 15 para R$ 17. “Vemos as ações sendo reclassificadas para o valor contábil no curto prazo, mas buscaríamos um balanço mais robusto antes de nos tornarmos mais otimistas”, complementa a equipe de análise ao justificar a recomendação neutra.

Já o Itaú é visto pelo BofA como uma “holding central” no setor, o Santander com o melhor momentum de lucros e o Banco do Brasil com múltiplos desconectados dos fundamentos. O BofA recorda que os nomes de grande capitalização registraram no 2T24 crescimento de lucro líquido de 13% na base anual, liderados pelo Santander (+44%) e Itaú (+15%). Enquanto isso, o Banco do Brasil registrou crescimento de 8% e o Bradesco apenas 4%. No entanto, o Bradesco apresentou o melhor momento de lucros em uma base trimestral, com lucro líquido aumentando 12%, seguido pelo Santander (+10%).

Enquanto o BofA tem cautela para o Bradesco, o Itaú BBA elevou a recomendação das ações para equivalente à compra após o balanço do banco, no início do mês. Para a equipe de análise do BBA, o Bradesco passou por um período desafiador durante o qual perdeu participação de mercado em volumes de crédito, enquanto os últimos números divulgados confirmaram que atuação da gestão está gerando frutos em relação ao crescimento lucrativo da carteira de crédito. Para o segundo semestre de 2024, o BBA espera um crescimento contínuo dos lucros, fortalecendo a credibilidade da gestão. A equipe de análise elevou as estimativas para o Bradesco pela primeira vez em anos.

Por outro lado, e em linha com o BofA, a XP segue cautelosa com o Bradesco. “Apesar dessa recuperação, que pode ser o início de uma trajetória positiva, ainda vemos alguns desafios pela frente e mantemos nossa perspectiva cautelosa”, apontaram os analistas.

Já sobre o BB, o Itaú BBA manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 31. Apesar de ainda ser uma tese de retorno sobre patrimônio líquido de aproximadamente 20% em 2024 e 2025, o BBA ressalta que os lucros de curto prazo provavelmente permanecerão estáveis devido a uma margem financeira mais fraca e maiores provisões para crédito.

Segundo os analistas do BBA, a margem do BB enfrenta desafios de mix de crédito, dado o maior crescimento em Agronegócio e corporativo, impactos adversos do aumento da carteira renegociada e comparações difíceis com o forte primeiro semestre de 2024 da Patagonia.

Já o JPMorgan reiterou recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ativos BBAS3 e fez uma leve elevação do preço-alvo, de R$ 32 para R$ 33. Embora o JPMorgan defenda que o ROE do Banco do Brasil atingiu seu pico e deve gradualmente diminuir, ainda considera os ativos baratos.

Analistas também possuem visão diversa sobre o Santander Brasil. Após o balanço, o BBA reiterou recomendação outperform para o banco e preço-alvo de R$ 33 por unit, pois acredita que potencial de lucros do banco está florescendo.

Para o BBA, o segundo trimestre confirmou uma aceleração saudável da carteira de empréstimos em áreas-chave, como cartões de crédito, folha de pagamento, veículos e PMEs (pequenas e médias empresas). Além disso, vem limpando seus portfólios de crédito desde 2022 em termos de provisões e clientes em preparação para acelerar neste ciclo. “A nova abordagem de entrada no mercado e segmentação de clientes e serviços também começou a beneficiar as linhas de serviço do banco.”

Já a Genial Investimentos, menos otimista que o BBA, manteve classificação neutra e preço-alvo de R$ 31,50, uma vez que vê que o valuation do banco está negociando a um prêmio em relação a rivais com rentabilidade superior. A XP também reiterou recomendação neutra para os ativos. O Goldman Sachs, por sua vez, reiterou recomendação de venda para o Santander, pois ainda vê riscos moderados de queda nas estimativas de consenso da Bloomberg e a ação está sendo negociada com um leve prêmio em relação aos seus pares.

A visão mais “unânime” fica para o Itaú, que mais uma vez esteve na frente do pelotão em lucro e rentabilidade, com lucro recorrente gerencial de R$ 10,1 bilhões referente ao segundo trimestre de 2024 e ROE de 22,4%. Morgan Stanley, XP, Bradesco BBI, entre outras casas reforçaram recomendação de compra ou equivalente para os ativos ITUB4, com a XP destacando a ação como a sua preferida entre os bancões.

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