EMS propõe fusão com a Hypera
21 Outubro 2024 - 1:39PM
ADVFN News
A EMS acaba de propor uma fusão com a Hypera — numa operação que
criaria o maior player da indústria farmacêutica do Brasil com um
market share de 17%, pessoas a par do assunto disseram ao Brazil
Journal.
Uma carta com a proposta não-solicitada foi entregue no final da
manhã de hoje ao conselho de administração da Hypera
(BOV:HYPE3).
Na transação — que seria estruturada por meio da incorporação da
EMS pela Hypera — a família Sanchez, que tem 100% do capital da
EMS, passaria a ser a controladora da nova companhia.
Concomitante à aprovação da incorporação, a EMS faria uma OPA
voluntária dando a opção aos acionistas da Hypera de vender 20% de
suas ações a um prêmio relevante em relação ao preço de tela.
A OPA seria a R$ 30 por ação, um prêmio de 16,9% em relação ao
fechamento de ontem e de 39% em relação ao preço de tela — depois
da ação despencar quase 16% hoje após um terceiro trimestre
decepcionante e o anúncio de mudanças em sua política
comercial.
Uma fonte envolvida na operação disse ao Brazil Journal que as
conversas entre as duas empresas sobre uma potencial fusão
acontecem há bastante tempo — com interlocução direta entre Carlos
Sanchez e João Alves de Queiroz Filho, o Júnior, que tem 21,3% da
Hypera.
Outro grande acionista da Hypera é a holding mexicana Maiorem,
que tem 14,7% do capital.
A fusão criaria uma gigante do setor, com um faturamento de R$
15,9 bilhões — meio a meio para cada empresa — e um EBITDA de cerca
de R$ 5 bilhões, dos quais 54% viriam da EMS.
A operação também ajudaria a desalavancar a Hypera. Enquanto a
Hypera tem uma dívida líquida de R$ 8,2 bilhões, com uma
alavancagem de cerca de 4x EBITDA, a EMS tem uma posição de caixa
líquido de R$ 500 milhões.
A nova empresa combinada, portanto, teria uma alavancagem de
menos de 2x EBITDA.
“Do ponto de vista industrial é uma transação espetacular,”
disse a fonte. “Guardadas as devidas proporções, ela cria a Ambev
do setor, um líder absoluto, quase 2,5x maior que o próximo player,
a Eurofarma.”
Segundo essa fonte, a transação “tem muitas sinergias
comerciais, de pesquisa e desenvolvimento, de estrutura de custos,
de estrutura fabril e de distribuição.”
A EMS já tem uma estimativa das sinergias potenciais, mas o
número ainda não foi divulgado.
A proposta de fusão vem num dia em que o mercado está batendo
pesado na ação da Hypera, depois da companhia ter divulgado um
terceiro trimestre com números 30% abaixo das estimativas do
consenso, e após a empresa anunciar uma mudança importante em sua
política comercial.
Para tentar arrumar o estoque da cadeia — que está sobre
estocada — a companhia disse que vai reduzir seu prazo de
recebíveis de 116 dias para 60 dias. A mudança deve levar a perda
de receita nos próximos trimestres, já que na prática a Hypera vai
parar de vender para os distribuidores, além de gerar um impacto no
EBITDA e no lucro líquido.
A companhia também anunciou a descontinuidade de seu guidance e
um programa de recompra para 7,5% do capital.
A EMS decidiu lançar hoje a oferta justamente por conta do
programa de recompra, que inviabilizaria a operação que ela foi
desenhada hoje.
O BTG Pactual foi o assessor financeiro da EMS, que teve a
assessoria jurídica do Lefosse Advogados.
A Hypera ainda não tem assessores financeiros, até porque acaba
de receber a proposta.
Informações BrazilJournal
HYPERA ON (BOV:HYPE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Nov 2024 até Dez 2024
HYPERA ON (BOV:HYPE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Dez 2023 até Dez 2024