SÃO PAULO – Ao contrário de alguns setores que preveem forte crescimento no ano que vem, o ano de 2010 não será um grande momento para o setor de saneamento, de acordo com analistas.
Seja por conta de ser um ano eleitoral, ou pela continuidade de adequação das empresas à Lei de Saneamento, as expectativas não são tão positivas quanto para o varejo, construção civil ou industrial, por exemplo.
“Apesar de alguns avanços para uma nova estrutura tarifária para a Sabesp e a criação de uma agência reguladora para a Copasa, ainda há muito por fazer, e as melhores expectativas ...
SÃO PAULO – Ao contrário de alguns setores que preveem forte crescimento no ano que vem, o ano de 2010 não será um grande momento para o setor de saneamento, de acordo com analistas.
Seja por conta de ser um ano eleitoral, ou pela continuidade de adequação das empresas à Lei de Saneamento, as expectativas não são tão positivas quanto para o varejo, construção civil ou industrial, por exemplo.
“Apesar de alguns avanços para uma nova estrutura tarifária para a Sabesp e a criação de uma agência reguladora para a Copasa, ainda há muito por fazer, e as melhores expectativas já foram devidamente incorporadas nos preços das ações”, afirmam os analistas da Fator Corretora.
Sua recomendação tanto para a Copasa (CSMG3) quanto para a Sabesp (SBSP3) é de manutenção, por não acreditarem na existência de mais catalisadores. “Pelo contrário, as melhores notícias já foram antecipadas pelos investidores, e em um setor onde as decisões andam a passos lentos, a possibilidade de existir frustração é sempre alta”.
Pontos negativosAlém disso, a equipe da corretora avalia que a crescente preocupação ambiental faz com que cada vez mais as empresas invistam em tratamento de esgoto, o que acaba não trazendo retorno para a companhia, já que o preço desse serviço já está incluso na tarifa da coleta de esgoto.
Ao mesmo tempo, a necessidade de novos mananciais, que estão cada vez mais distantes, assim como o aumento da distância até o consumidor final, acaba requerendo maior volume de investimentos também.
“Outro ponto negativo é o baixo retorno dos investimentos feitos em áreas de menor densidade populacional, por conta de sua escala reduzida”, falam.
A equipe também destaca que o setor ainda está se adequando às novas regras da Lei de Saneamento sancionada em 2007 e que prevê métodos para cobranças de tarifas, necessidade de novos órgãos reguladores e diretrizes de longo prazo.
“Saneamento não deverá ser um setor atraente no próximo ano”, fala a Fator corretora. “O setor ainda necessita regras mais claras com a regulamentação da Lei de Saneamento”.
Para a equipe de research, a questão do reajuste de tarifas levanta dúvidas, principalmente no estabelecimento da taxa de retorno regulatório e no cálculo real da base de ativos regulatórios.
Alguns avançosPor outro lado, o analista da Link Andrés Kikuchi afirma que provavelmente no ano que vem teremos a criação de mais agências reguladoras, enquanto a formalização dos contratos deve ganhar destaque.
“Dentro desse processo, as metodologias de reajuste tarifário deverão ser revistas, até para garantir parte do financiamento do plano de capex das companhias”, afirma.
Ele projeta que os próximos anos serão de mais investimentos para o setor, visando aumentar o nível de atendimento e expansão, em alguns casos, do número de concessões.
“Além disso, em 2010 e também nos próximos anos, deverá aumentar o número de players privados no setor, seja via parcerias com empresas públicas ou mesmo de forma isolada”, afirma Kikuchi.
EmpresasSegundo os analistas do Banco Fator, a recente criação da agência reguladora em Minas Gerais, a Arsae, é positiva para a Copasa, por reduzir o risco regulatório. Porém eles acreditam que os reajustes de tarifas poderão ser menores aos históricos.
Isso pode ser explicado pelo fim de mandato do atual governador do estado de Minas Gerais, Aécio Neves, que foi “pró-mercado” em suas duas gestões. Assim, eles acreditam que dificilmente o perfil do novo governador terá um viés pró-mercado de capitais, o que deve minar a rentabilidade atual da empresa e trazer frustração aos investidores.
“A Copasa ainda possui perspectiva de crescimento de sua receita, com entrada em operação dos investimentos em tratamento de esgoto no curto prazo. Entretanto, os altos investimentos no índice de atendimento em tratamento de esgoto devem neutralizar esses ganhos”, comentam.
Eles também destacam que o calendário eleitoral também é importante para a Copasa, pois dificilmente o perfil do novo governador terá viés pró-mercado de capitais. O banco estima preço-alvo de R$ 34,00 para as ações da Copasa, potencial de valorização de 3,4% em relação ao último fechamento (R$ 32,89)
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