A Ultrapar encerrou o segundo trimestre com
lucro líquido de R$ 460 milhões,
ante prejuízo de R$ 18 milhões um ano antes, impulsionado pela
melhora de desempenho sobretudo na Ipiranga e pelo ganho de capital
de R$ 289 milhões na venda da Oxiteno, concluída no fim de
março.
A receita líquida atingiu R$ 37,4
milhões, crescimento de 31% ante o 2T21. A Ultrapar justificou o
valor pelo aumento na receita líquida em todos os negócios,
principalmente na Ipiranga, atenuado pelo fechamento da venda da
Oxiteno e sua respectiva desconsolidação dos resultados no
2T22.
O Ebitda – lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização – ajustado foi de R$ 1,494
bilhão, um crescimento de 197% em relação ao 2T21. Já o Ebitda
recorrente totalizou R$ 1,119 bilhão entre abril e junho de 2022,
um avanço de 45% frente ao mesmo período de 2021.
De acordo com a empresa, o lucro é fruto do maior Ebitda das
operações continuadas, do ganho de capital com a venda da Oxiteno
registrado no 2T22 e do impairment da Extrafarma registrado no
2T21.
Na Ultragaz, braço de distribuição de gás
domiciliar, o volume vendido da Ultragaz no 2T22 apresentou
queda de 3% em relação ao 2T21, fruto da redução de 6% nas vendas
do segmento envasado, em função da menor demanda do mercado,
influenciada pelos aumentos de custo de GLP nos últimos 12 meses.
Já o segmento granel apresentou crescimento de 3%, devido
principalmente a maiores vendas para comércios e serviços. Em
relação ao 1T22, o volume vendido foi 7% maior, reflexo da
sazonalidade típica entre os períodos.
O Ebitda, por sua vez, saltou 91%, para R$ 261 milhões, diante
do forte aumento de preços do GLP, que mais do que compensou a
queda no volume de vendas.
Na Ultracargo, de armazenagem de produtos
químicos, a capacidade estática média da Ultracargo
aumentou 11% em relação ao 2T21, fruto da expansão de capacidade em
Itaqui e do início das operações do terminal em Vila do Conde. O m³
faturado apresentou crescimento de 8%, com maior movimentação em
Itaqui e início das operações em Vila do Conde, atenuados pela
menor movimentação de etanol e químicos em Suape. Em relação ao
1T22, o m³ faturado aumentou 6%, devido ao ramp up das operações em
Vila do Conde, além de maiores movimentações de etanol e
combustíveis em Suape e de químicos em Santos.
A receita líquida totalizou R$ 217 milhões no trimestre, com
alta de 23% na comparação anual. O Ebitda ajustado avançou 29%,
para o recorde de R$ 130 milhões, na esteira das expansões de
capacidade e de reajustes contratuais.
A rede de postos Ipiranga, o volume
vendido da Ipiranga apresentou crescimento de 1% em relação ao
2T21, com aumento de 1% no ciclo Otto e no diesel, influenciado por
uma decisão de menores vendas no mercado spot. Em relação ao 1T22,
o volume foi 5% maior, em função do crescimento de 9% no diesel,
fruto principalmente da sazonalidade típica entre os períodos.
Por outro lado, a receita líquida saltou 41% na comparação
anual, a R$ 33,7 bilhões, refletindo o repasse dos aumentos de
preço da gasolina e do diesel pela Petrobras e do etanol.
A margem Ebitda ajustado da distribuidora chegou a R$ 149 por
metro cúbico, quase o dobro do registrado um ano antes, indicando
que os esforços de recuperação de rentabilidade estão produzindo
resultados.
O resultado financeiro líquido foi negativo em
R$ 510 milhões no segundo trimestre de 2022, uma piora de 920% na
comparação com a mesma etapa de 2021.
Segundo a Ultrapar, o resultado é reflexo do resultado pontual
negativo de R$ 272 milhões de marcação a mercado dos hedges neste
2T22 comparado ao resultado pontual positivo de R$ 65 milhões no
2T21 e da elevação do CDI.
As despesas gerais e administrativas somaram R$ 206 milhões no
2T22, um crescimento de 29% em relação ao mesmo período de
2021, reflexo das maiores despesas com pessoal (principalmente
dissídio e remuneração variável, alinhada à progressão de
resultados), marketing e provisão para créditos de liquidação
duvidosa. Em relação ao 1T22, as despesas gerais, administrativas e
de vendas aumentaram 16% pelos mesmos motivos mencionados
anteriormente.
A Ultrapar investiu R$ 78 milhões neste trimestre, direcionados
principalmente à aquisição e reposição de vasilhames, às
instalações em clientes no segmento granel e à manutenção das
operações existentes.
Em 30 de junho de 2022, a dívida líquida da companhia era de R$
8,172 bilhões, um recuo de 20,6% na comparação com a mesma etapa de
2021. A redução do endividamento líquido em comparação à
posição ao final do 1T22 se deve principalmente à entrada de caixa
decorrente do fechamento da venda da Oxiteno em abril de 2022,
atenuada pelo consumo de caixa em capital de giro. Uma parcela do
recebimento pela venda da Oxiteno foi utilizada para recompra
parcial dos bonds, reduzindo também o endividamento bruto e o custo
de carregamento da dívida da Ultrapar. A redução da alavancagem
financeira é reflexo da redução da dívida líquida e do crescimento
de EBITDA das operações continuadas.
O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida
líquida/Ebitda ajustado, ficou em 2,2 vezes em junho/22, queda de
0,6 vez em relação ao mesmo período de 2021.
Os resultados da Ultrapar (BOV:UGPA3) referentes às suas
operações do segundo trimestre de 2022 foram divulgados no dia
03/08/2022.
Teleconferência
Em teleconferência após o resultado, a companhia não se
manifestou sobre o impacto do petróleo nos seus negócios no segundo
semestre. Marcos Lutz, CEO da companhia, questionado sobre o
assunto por analistas ressaltou que a commodity está extremamente
volátil. “Não sabemos ainda”, disse.
A rede Ipiranga, que pertence ao grupo, obteve no trimestre
maiores margens e melhor volume de vendas, na comparação com o
mesmo período do ano passado, mas as despesas também aumentaram,
incluindo dos combustíveis.
O destaque negativo no 2T22 apontado pelo mercado com relação à
empresa de fluxo de caixa livre foi, segundo a própria Ultrapar,
essencialmente por conta dos maiores preços de combustíveis.
Segundo a companhia, o aumento médio do preço do combustível chegou
a 50% no 1S22.
A empresa, na teleconferência com analistas, disse esperar
volumes maiores no segundo semestre na rede Ipiranga, mas crê em
margens mais pressionadas.
Outro ponto relacionado à Ipiranga tratado na teleconferência de
analistas foi sobre o movimento da rede de postos, hoje com 7.010
unidades no País.
Segundo a empresa, até 15% dos postos podem ser recuperados ou
fechados, face ao baixo volume nas vendas. No 2T22, foram fechados
222 postos com a bandeira Ipiranga, e 101 novos foram abertos.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
O Bradesco BBI, por sua vez, optou por dar mais importância ao
retorno sobre capital investido (ROIC) do que às margens em si,
dado que a indústria evoluiu para ter diferentes estratégias de
sourcing/contratos comerciais. O ROIC da Ipiranga melhorou
sequencialmente de um valor anualizado estimado de 10,8% no 1T22
para 13,6% no 2T22. Assim, o BBI estima o consumo de capital de
giro (WK)/m3 para a Ipiranga em R$ 284/m3 no 2T22 contra R$ 136/m3
no trimestre anterior devido à forte valorização dos estoques.
Olhando para o futuro, a equipe de análise do BBI diz ser
“provável que a alavancagem da Ultrapar continue a melhorar à
medida que a empresa lucra com as vendas recentes da Extrafarma e
partes incrementais da venda da Oxiteno”.
“O segmento de distribuição de combustível provavelmente verá
uma atenção crescente por parte dos investidores à medida que
alguns tentam se proteger de uma recessão global e de riscos
políticos no Brasil. Dito isto, com a ação UGPA3 negociando a 10,3
vezes o múltiplo P/L [preço sobre o lucro] estimado para 2023,
preferimos à exposição ao setor via Vibra com a ação VBBR3
negociando em 9,5 vezes o múltiplo P/L estimado para 2023″, aponta
o BBI.
Bradesco BBI tem recomendação neutra com preço-alvo de R$
17,00…
Citi
Os resultados da Ultrapar foram positivos no segundo trimestre,
em linha com as expectativas do mercado em termos de receitas, diz
o Citi. O banco destaca que a companhia se beneficiou dos preços
elevados de combustíveis e gás, gerando um Ebitda ajustado de R$
1,1 bilhão, acima do esperado.
Os analistas Gabriel Barra, Andrés Cardona e Joaquim Alves Atie
escrevem que a Ipiranga teve margens de R$ 134 por metro cúbico no
período, superando as estimativas, com ganhos de estoque, melhores
condições de mercado e volumes mais robustos. “Vemos a empresa
reduzindo a diferença nas margens ante os principais
competidores.”
Na Ultragaz, o Ebitda de R$ 261 milhões representou alta de 97%
no ano, refletindo as iniciativas de eficiência da Ultrapar, mas
parcialmente compensado por maiores despesas e menores volume de
venda em decorrência do preço elevado da commodity vendida aos
consumidores.
Citi mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$
18,50…
Credit Suisse
A Ultrapar apresentou bons resultados no segundo trimestre de
2022, com Ebitda ajustado de R$ 1,1 bilhão considerando apenas as
operações continuadas, 11% acima das estimativas, com todos os
negócios superando as expectativas, apesar do fluxo de caixa “sem
brilho”, avalia o Credit Suisse, em relatório.
Os analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero destacam que a
margem Ebitda de R$ 134 por m³ da Ipiranga superou a projeção do
Credit Suisse de R$ 125/m³, e o desempenho forte pode fornecer uma
leitura positiva para o setor de distribuição de combustíveis,
incluindo Raízen e Vibra. O Ebitda de Ultracargo e Ultragaz também
superaram as projeções do banco, dizem eles.
O destaque negativo, por sua vez, foi a geração de fluxo de
caixa livre, escrevem os analistas. Pelo segundo trimestre
consecutivo, a geração de fluxo de caixa livre não parece
consistente com bala robusto, mesmo após o ajuste pela dinâmica do
capital de giro.
A dívida líquida da Ultrapar caiu para R$ 8,2 bilhões no final
do segundo trimestre, mas a geração de caixa foi auxiliada pelo
caixa de R$ 6 bilhões após impostos recebido no fechamento do
desinvestimento da Oxiteno. Ajustando para isso, a Ultrapar queimou
R$ 750 milhões de caixa no trimestre, prejudicada pela dinâmica
negativa do capital de giro e pagamento de dividendos, dizem
eles.
Credit Suisse tem recomendação neutra com preço-alvo de R$
14,00…
Goldman Sachs
Os resultados divulgados pela Ultrapar do segundo trimestre de
2022 superaram as estimativas, com Ebitda ajustado de cerca de R$
1,1 bilhão, 20% acima da projeção do Goldman Sachs, com resultados
positivos em todos os segmentos, diz o banco, em relatório.
Os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Martins
destacam que o Ebitda ajustado de Ipiranga somou R$ 754 milhões,
alta de 157% em base anual, da Ultragaz somou R$ 261 milhões, alta
de 91%, e da Ultracargo totalizou R$ 130 milhões, avanço de
30%.
A empresa também reduziu a dívida líquida, escrevem os
analistas, principalmente por causa da entrada de caixa referente à
venda da Oxiteno em abril deste ano, parcialmente compensado pelo
consumo de caixa com capital de giro, com preços de combustíveis
mais altos.
Os principais riscos para a empresa incluem atividade econômica
abaixo do esperado, preços do Brent mais altos, demanda por
combustíveis e commodities petroquímicas abaixo do esperado e a
intervenção do governo nos preços da gasolina e diesel, afirmam os
analistas.
Goldman Sachs tem recomendação de compra com preço-alvo de R$
16,20…
Itaú BBA
A margem Ebitda (Ebitda sobre receita) da Ipiranga também veio
13% acima da estimativa do BBA “devido ao repasse dos maiores
preços de diesel, gasolina e etanol”, explica o time de reseaarch
do BBA.
Por outro lado, o BBA é mais otimista com Ultrapar e recomenda
compra, com preço-alvo de R$ 26, um potencial de valorização de
93,2% em relação ao fechamento da sessão anterior.
Itaú BBA tem recomendação de compra com
preço-alvo de R$ 26,00…
Morgan Stanley
Para Morgan Stanley, a Ipiranga apresentou uma sólida
recuperação de margens (15% acima do previsto), o que deve ajudar
os investidores a recuperar a confiança no investimento em
Ultrapar. Mas fluxo de caixa negativo e questões de alocação de
capital em aberto devem impedir uma reclassificação por
enquanto.
Analistas do Morgan Stanley comentaram que embora o valuation
esteja um pouco esticado e os resultados recentes acabem renovando
a confiança na capacidade da Ultrapar de entregar a recuperação da
Ipiranga, acreditam que é muito cedo para ficarem otimistas. Assim,
os investidores esperarão para ver evidências concretas de uma
recuperação sustentada da margem da Ipiranga antes de pagar por uma
recuperação.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
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